
O livro em título trata de geoestratégias regionais e mundiais, as quais são ancestralmente influenciadas pela Geografia. Marshall aborda nos primeiros quatro capítulos os principais blocos mundias – Rússia, China, Estados Unidos e União Europeia – nos quatro capítulos seguintes, as zonas onde ocorrem conflitos mundiais antigos, latentes ou em curso – África, Médio Oriente, Índia e Paquistão, Coreia e Japão – num nono capítulo analisa o que se passa na América Latina e no décimo e último capítulo faz uma análise muito interessante sobre o futuro do Ártico, que se desenha já hoje. Vejamos, muito sucintamente, o essencial que Tim Marshall nos diz em cada um dos dez capítulos, complementando com algumas observações nossas.
Rússia
A Rússia é o maior país do mundo. Os seus primórdios remontam ao século IX, quando algumas tribos eslavas se reuniram numa área que corresponde à atual Kiev. Após as invasões mongóis do século XIII, essas tribos deslocaram-se para a região de Moscovo e, embora começassem a expandir o seu território antes, foi com o primeiro czar, Ivan, o Terrível, no século XVI, que o aumentaram enormemente. A zona Ocidental da Rússia integra a zona da grande planície europeia, onde a circulação se faz com grande facilidade, pelo que a Rússia (e a União Soviética) sempre teve necessidade de criar “zonas tampão”. Atualmente, a Rússia depara-se com vários problemas: a) apesar de ser muitíssimo grande, não tem uma grande população; b) a sua economia é fraca, extremamente dependente da venda de combustíveis fósseis[1], e a sua democracia débil, com grandes assimetrias regionais e sociais; c) não tem acesso independente a qualquer porto de águas quentes[2]; d) após a Guerra Fria, vários países europeus vizinhos, nomeadamente no Báltico, aderiram à NATO e isso representa uma ameaça para a Rússia; e) os Russos não têm angariado muitos amigos: para além dos problemas na Ucrânia, Geórgia e outros países, devido a conflitos recentes, há as desconfianças “naturais” com Finlândia, Turquia, Japão e, agora, com o Reino Unido e outros países ocidentais, depois das alegadas execuções de cidadãos russos exilados; f) face a todos estes problemas, o papel de potência militar que a Rússia quer reconquistar é apenas teórico e não efetivo, pois esse país não pode ainda (nem se vislumbra quando poderá) rivalizar com a grande potência que são os Estados Unidos, nem, sequer, com a China, e a expansão para Ocidente está-lhe vedada pelas NATO e União Europeia – a Rússia é um gigante isolado.
China
Se a Rússia é o maior país do mundo, a China é o mais populoso. E um colosso económico em ascensão. Mas o progresso começa a acarretar inúmeros problemas. A poluição é um deles, e muito sério. Uma população de 1.400 milhões de seres humanos requer uma gigantesca produção alimentar, mas estima-se que mais de 40% dos solos férteis para a agricultura estejam poluídos ou exaustos. Por outro lado, a economia chinesa não pode deixar de crescer, pois isso implicaria desemprego em massa e revoltas pontuais que se poderiam generalizar. Do ponto de vista militar, a China está a construir uma Marinha que (a manter o seu crescimento económico) poderá, dentro de trinta anos, desafiar os Estados Unidos. O controlo das zonas marítimas circundantes é vital para a China, uma vez que este país necessita de importações maciças de combustíveis, transportados por via marítima do Golfo Pérsico e outras regiões do globo, e de garantir a passagem dos navios. A China anexou o Tibete (do qual não abrirá mão) em 1950 e tem tentado melhorar as condições de vida na região. Mas, se o Tibete, tudo o leva a crer, é um facto consumado (pelo menos nos tempos mais próximos), o mesmo não se passa com Taiwan, cujo estatuto, pese embora a autonomia, permanece ambíguo, dependendo do ponto de vista (província chinesa ou país soberano?), embora não seja reconhecido como estado pelas Nações Unidas[3]. Por outro lado, as relações da China com a Índia são tradicionalmente difíceis, mas entre ambas encontram-se, felizmente, os Himalaias, o que mostra o poder da geografia. Já a Leste e Sudeste, existem problemas com vários países da região por causa da disputa sobre algumas ilhas, sobretudo no Mar da China Meridional. Muitos destes países, incluindo a ilha de Taiwan[4], Japão, Filipinas, Malásia, Vietname e Brunei são aliados, mais ou menos próximos, dos Estados Unidos, que mantêm presença militar na região.
Estados Unidos da América
Se a Rússia é o maior país do mundo e a China o mais populoso, os Estados Unidos são o país mais poderoso. A sua história foi, durante muitos anos, incrivelmente bem sucedida. Logo depois da Declaração da Independência[5], com o Tratado de Paris de 1783, a jovem nação viu duplicado o seu território[6]; em 1803, os Estados Unidos compraram a Luisiana à França (que Napoleão tinha obrigado os espanhóis a ceder), por 15 milhões de dólares, e voltaram a duplicar o território[7]; em 1819, os espanhóis cederam a Florida aos americanos, através do Tratado Adams-Onis; e, depois do Texas se ter juntado à União (1845) e da consequente guerra com o México, em 1848, através do Tratado de Guadalupe Hidalgo, os Estados Unidos anexaram os atuais estados da Califórnia, Novo México, Arizona, Utah e Nevada. Esta é considerada a “expansão continental”. Já a “expansão extra-continental” efetivou-se com a compra aos russos do Alasca, em 1867, por 7,2 milhões de dólares e a anexação do Hawai e, na sequência da guerra de 1898 contra a Espanha, Porto Rico, Guam e Filipinas[8]. No início do século XX, os Estados Unidos eram já uma grande, se não a maior, potência mundial. As vantagens dos Estados Unidos são de vária ordem e muito significativas. Em primeiro lugar, a geografia beneficia-os. Têm apenas dois países nas suas fronteiras: o pacífico Canadá, a Norte, e uma região desértica a separá-los do México, a Sul; a Leste e Oeste os dois maiores oceanos do mundo. Depois, o solo americano é, em geral, fértil. As suas universidades são as melhores do mundo (o que significa que continuam à frente nas áreas científicas e tecnológicas). Com a exploração do gás e do petróleo de xisto, estão prestes a tornar-se autossuficientes em termos energéticos. Não têm divisões internas, são uma democracia consolidada, têm a classe média mais rica do mundo e as forças armadas mais poderosas. O conjunto destas características não se reúnem em qualquer outro país.
Europa
Se a Rússia é o maior país do mundo, a China o mais populoso e os Estados Unidos os mais poderosos, a Europa Ocidental é a socialmente mais desenvolvida. O que ressalta, desde logo, na União Europeia são as diferenças acentuadas entre o Norte e o Sul. O primeiro bastante mais rico que o segundo. De acordo com uma teoria muito conhecida do sociólogo Max Weber, a ética protestante seria responsável pelo maior desenvolvimento dos países nórdicos em relação aos do Sul católico. Isso não parece ser muito lógico, se atendermos ao que se passa no sul da Alemanha, na Baviera, com uma maioria católica e um grande desenvolvimento económico e industrial, sede de grandes empresas, como a BMW ou a Siemens. Parece que, mais uma vez, a geografia é o mais importante: o Sul da Europa tem poucas planícies e muito mais barreiras naturais (os Pirenéus, os Alpes), ao passo que o Norte é todo ele uma imensa planície fértil, desde a França aos Urais, com rios navegáveis, o que permitiu as trocas comerciais e o desenvolvimento. O principal problema da União Europeia é a sua dependência energética relativamente à Rússia. No entanto, com o aumento da produção de gás de xisto nos Estados Unidos, há a possibilidade deste ser liquidificado e transportado por navio para a Europa, constituindo, assim, uma alternativa ao gás russo, libertando a Europa da ameaça russa de fechamento das torneiras em caso de tomadas de posição políticas dos países europeus face a investidas russas, como as iniciativas militares na Ucrânia, Geórgia e Síria, ou envenenamento de cidadãos, recentemente (embora seja já uma prática tradicional), em Inglaterra. Além do elevado nível social, há outra grande conquista, e esta advém diretamente da integração de quase todos os países ocidentais do velho continente (apesar do brexit) na União Europeia: a paz. Ninguém deveria subestimá-la.
África
Geograficamente, África tem vários problemas. Desde logo, e apesar das ótimas praias, tem poucos portos naturais e rios navegáveis. Os seus maiores rios, o Nilo, o Zambeze, o Congo e o Niger, não comunicam entre si. Isso dividiu muito o continente, não permitiu que uma grande cultura se disseminasse, pelo contrário, proliferaram milhares de línguas e tribos em áreas limitadas. Depois, como mostrou Jared Diamond (ver nosso artigo aqui), África é um continente que se estende em latitude[9], com barreiras naturais, como o deserto do Sahara, e isso fez com que os povos africanos vivessem muito tempo isolados entre si e, sobretudo, do continente euroasiático, mais avançado, não absorvendo, portanto, o conhecimento de outras culturas. Mas há, ainda, um problema grave, talvez o mais grave de todos, que não se prende com a geografia: as fronteiras dos países africanos foram desenhadas por potências colonizadoras[10], como a Alemanha, a Bélgica, a França, a Inglaterra, a Itália, a Espanha e Portugal, entre outros. “A ideia europeia de geografia não se enquadrou na realidade da demografia africana”[11]. Juntar vários povos antagónicos dentro de um mesmo estado-nação (um conceito imposto aos africanos) foi uma receita explosiva que esses povos ainda hoje pagam amargamente em conflitos étnicos no Sudão, no Quénia, na Somália, em Angola, na República Democrática do Congo (só este país tem mais de 200 grupos étnicos), na Nigéria, na África do Sul, no Burundi e no Mali, entre outros. Além disto, África é um continente rico, com petróleo, minerais e metais preciosos, mas tem sido explorado por potências estrangeiras, da América e da Europa, às quais podemos agora juntar a China, que está a investir fortemente em África. Outro elemento relevante a acrescentar a todos estes problemas é a corrupção da classe política. Tudo isto somado dá um resultado desastroso. A enorme mortalidade infantil por subnutrição é uma realidade a que ninguém pode ficar indiferente. Vai demorar muito tempo antes dos africanos conseguirem libertar-se do seu atraso ancestral.
Médio Oriente
Os povos do Médio Oriente sofrem de um mal idêntico ao dos povos africanos. As fronteiras dos seus países foram igualmente desenhadas por potências estrangeiras, embora, no caso do Médio Oriente, apenas dois estados imperiais tenham sido suficientes para criar a confusão. Ainda antes de decidida a Grande Guerra, Inglaterra e França[12] decidiram dividir aquela zona, (que, à época, pertencia ao Império Otomano) entre si, traçando uma linha que ia da atual cidade de Haifa, em Israel, até Kirkurk, no atual Iraque. A parte acima dessa linha seria para a França e a parte abaixo da linha seria para a Inglaterra. A história da região foi muito conturbada desde o fim da Grande Guerra e a efetivação do acordo Sykes-Picot, até hoje. Foi criado o estado de Israel e com ele um conflito que parece não ter fim. A recente “Primavera Árabe” mais parece um interminável outono. O ódio entre xiitas e sunitas, protagonizados, respetivamente e sobretudo, por Irão e Arábia Saudita, não parece abrandar. A guerra na Síria dura há mais de sete anos e não se vislumbra o fim. O massacrado povo curdo não consegue ter paz, muito menos a independência. A Turquia radicalizou-se. As economias de quase todos os países do Médio Oriente degradou-se, face à baixa do preço do petróleo, por um lado, mas sobretudo face à enorme quebra das receitas do turismo, porque as pessoas evitam zonas inseguras e instáveis. O Médio Oriente continua uma grande confusão.
Índia e Paquistão
Ambos os países – e ainda o Paquistão Oriental (atual Bangladesh) e a Birmânia (atual Mianmar) – faziam parte da chamada Índia britânica ou Raj britânico, até adquirirem a independência em 1947, quando logo se deu uma fuga em massa de muçulmanos da Índia para o Paquistão e de hindus e siques em sentido contrário. Já ocorreram quatro guerras, além de muitas pequenas contendas, entre a Índia e o Paquistão, que partilham uma fronteira de 3.000 quilómetros, a primeira logo em 1947 por causa da disputa por Caxemira, disputa latente até hoje. “O Paquistão é geográfica, económica, demográfica e militarmente mais fraco do que a Índia. A sua identidade nacional também não é tão forte como a desta última”[13]. De facto, o Paquistão está dividido em cinco regiões distintas, cada uma com sua língua, culturalmente bastante diferentes, algumas com claras intenções separatistas, enquanto a Índia, embora seja um país multicultural, é mais unida, baseando essa identidade numa democracia secular. Além de que a Índia é maior, mais populosa e mais rica que o Paquistão. O Paquistão tem relações próximas com o Afeganistão e tradicionalmente apoia os talibãs. Isso custou-lhe um ultimato dos Estados Unidos que exigem a Islamabade colaboração efetiva no combate aos jihadistas. Na equação geoestratégica da região há que contar com a China, que está a investir no Paquistão, tem também interesses em Caxemira e mantém relações tensas com a Índia por causa do Tibete e procura, ainda, controlar toda a zona do sudeste asiático. O Nepal é um país que quer a China quer a Índia procuram controlar, zelando por manter boas relações. China e Índia são duas grandes potências em crescimento, que felizmente têm uma grande fronteira natural a separá-las – os Himalaias. Mas a relação mais complicada no sub-continente continua a ser o diferendo entre a Índia e o Paquistão.
Coreia e Japão
O comportamento agressivo da Coreia do Norte não permite que 30.000 soldados americanos saiam da Coreia do Sul. Isso poderia ser mal interpretado. A tensão entre a Coreia do Norte e a China, por um lado, e os Estados Unidos, a Coreia do Sul e o Japão, por outro, não se resolve, gere-se. A Coreia foi dividida, depois da derrota do Japão em 1945, pelo paralelo 38, linha que em 1950 a Coreia do Norte ultrapassou para invadir a Coreia do Sul. Pensaram que os Estados unidos não estavam muito interessados naquela zona do globo, mas enganaram-se. Os americanos sabiam que se não fossem em auxílio do seu aliado sul-coreano, perderiam a confiança de outros aliados em todo o mundo. “Existe aqui um paralelo com a política atual dos Estados Unidos no Leste Asiático e na Europa de Leste. Países como a Polónia, os Estados Bálticos, o Japão e as Filipinas têm de confiar na proteção da América nas suas relações com a Rússia e a China”[14). O Japão está ao alcance dos mísseis norte-coreanos e as suas relações com as duas coreias não são as melhores. Tóquio mantém um diferendo com Seul sobre as ilhas Dokdo (de “solitárias”, para a Coreia do Sul) ou Takeshima (de “bambu”, para o Japão) – os Rochedos de Liancourt. Aliás, muitas das pequenas ilhas e arquipélagos dos mares do Sudeste Asiático são disputados. Alguns são verdadeiramente estratégicos, como o arquipélago de Ryukyu, onde o Japão tem forças militares estacionadas, que serve de primeira frente de defesa a qualquer tentativa de invasão marítima. O Japão tem vindo a rearmar-se paulatinamente, flexibilizando a sua interpretação da Constituição, depois de Hiroshima e Nagasaqui, e das sansões impostas pelos Estados Unidos, que incluíam limites de 1% do PIB para as despesas militares e ocupação militar americana. Trinta e dois mil soldados americanos ainda estão no Japão.
América Latina
Os países sul-americanos estão muito atrasados em relação aos norte-americanos e europeus, em grande parte devido à geografia, a qual, como se sabe, condiciona o clima. Existe uma certa animosidade nos países latinos da América relativamente aos Estados Unidos. Isto é compreensível, pois “os EUA usaram a força na América Latina quase 50 vezes entre 1890 e o fim da Guerra Fria”[15]. Isto abriu as portas à China, que vende ou doa armamento a vários países, como Uruguai, Colômbia, Chile, Peru e México, e já substituiu os Estados Unidos como maior parceiro comercial do Brasil, o maior país da América do Sul, bastante semelhante aos EUA em dimensão. Mas as semelhanças entre ambos ficam por aí. O Brasil é muito mais pobre, com solos menos produtivos, e muito atrasado em termos de infraestruturas, sobretudo viárias e ferroviárias, mas também ao nível do saneamento. A América Latina poderia cooperar no sentido de reunir sinergias que favorecessem o comércio e a economia da região, mas as diferenças políticas e sociais dos países que a compõem não permitem que essa cooperação se faça com a eficiência da União Europeia, por exemplo, cujos países têm sistemas políticos e económicos semelhantes. Mas o Brasil tem uma vantagem: mantém relações pacíficas com os seus vizinhos. Espera-se que, ultrapassados os graves problemas internos, possa assumir o estatuto, nem sempre plenamente atingido, de ser o coração económico da América Latina.
Ártico
O Oceano Ártico é maior do que parece – tem 14 milhões de quilómetros quadrados e confina com os Estados Unidos (Alasca), o Canadá, a Dinamarca (Gronelândia), a Islândia, a Noruega, a Suécia, a Finlândia e a Rússia. Este último é o país com presença mais forte no Ártico. A Rússia possui 32 quebra-gelos, sendo seis deles movidos a energia nuclear, os únicos com essas características em todo o mundo, e está empenhada na construção do mais poderoso quebra-gelo mundial, com capacidade de romper gelo com mais de três metros de profundidade e de rebocar petroleiros de 70.000 toneladas. Os Estados Unidos têm um único quebra-gelo[16]. A aparente indiferença dos Estados Unidos em relação ao Ártico contrasta fortemente com o empenho da Rússia, que está a construir um exército do Ártico e seis novas bases militares, e a deslocar 6.000 soldados de combate para a região de Murmansk[17], entre outras medidas. Uma das razões para que no Ártico haja “muito a ser reivindicado e muito a ser discutido”[18] prende-se com as alterações climáticas: o derretimento da camada de gelo[19], que permite aos navios passarem do Mar de Bering ao Oceano Atlântico, por períodos cada vez maiores, sem a ajuda de quebra-gelos. Há dois caminhos principais: a Passagem do Noroeste (no arquipélago canadiano) e a Rota do Nordeste (na linha de costa da Sibéria)[20] Estas passagens permitirão encurtar distâncias e, logicamente, diminuir os custos do transporte marítimo. Por outro lado, o derretimento do gelo veio pôr a descoberto outras riquezas. Estima-se que possam extrair-se do Ártico 44 mil milhões de barris de gás natural liquefeito e 90 mil milhões de barris de petróleo[21]. Por tudo isto, muito se irá discutir no futuro sobre zonas económicas exclusivas, direitos de passagem e de exploração, etc. O Ártico é potencialmente uma zona de conflitos.
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A nossa edição:
Prisioneiros da Geografia, Tim Marshall, Editora Desassossego, Lisboa, 2017.
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Notas:
[1] A Rússia possui os maiores recursos de gás natural do mundo, o segundo maior em carvão e está entre os dez maiores produtores mundiais de petróleo. Além disso, é o maior exportador de gás natural, petróleo e carvão para a União Europeia, que, por sua vez, é o maior consumidor mundial de energia (os seus 505 milhões de habitantes consomem 20% da energia produzida no mundo).
[2] “Sevastópol é o único verdadeiro porto importante de águas quentes da Rússia. Contudo, o acesso do Mar Negro para o Mediterrâneo está restrito pela Convenção de Montreux de 1936, que concedeu à Turquia – agora membro da NATO – o controlo sobre o Bósforo. A marinha naval russa transita pelo estreito, mas em números limitados, e tal não seria permitido em caso de conflito. Mesmo depois de atravessarem o Bósforo, os russos precisam de passar pelo Mar Egeu para chegarem ao Mediterrâneo, e ainda teriam de cruzar o Estreito de Gibraltar para terem acesso ao Oceano Atlântico, ou de obter permissão para descer o Canal de Suez para alcançarem o Oceano Índico” (ob. cit., p.29).
[3] Apenas vinte e dois países reconheceram até hoje a soberania de Taiwan.
[4] “Os americanos comprometeram-se a defender Taiwan em caso de invasão da China, ao abrigo da Lei de Relações com Taiwan de 1979. Todavia, se Taiwan declarasse a independência total da China, o que a China consideraria um ato de guerra, os EUA não estariam obrigados a vir em seu auxílio, visto que uma tal declaração seria considerada provocadora.” (ob. cit. p. 59).
[5] 4 de julho de 1776.
[6] A Grã-Bretanha reconheceu a independência das Treze Colónias norte-americanas, que ficaram com o território compreendido entre os Grandes Lagos, a Norte, os Montes Apalaches e o rio Mississipi, a Oeste, e o paralelo 31, a Sul.
[7] A Luisiana era um território gigantesco, que corresponde hoje a mais de dez estados, bem no centro dos Estados Unidos, indo do Norte ao Sul do atual território americano.
[8] As Filipinas são um país independente desde 1946.
[9] Marshall chama a nossa atenção para algo bastante curioso. Normalmente usamos o mapa-mundi Mercator padronizado. Como se sabe, qualquer mapa representa uma esfera num plano, o que distorce as formas dos continentes. África, particularmente, parece muito mais pequena do que na realidade é. De facto, olhando para o mapa, ninguém diria que em África cabem EUA, Gronelândia, Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, Índia, China e ainda resta espaço para grande parte do território da Europa Oriental.
[10] Sobretudo na Conferência de Berlim de 1884/85.
[11] Ob. cit., p. 112.
[12] As negociações secretas entre França e Inglaterra para dividirem o Médio Oriente foram protagonizadas pelos diplomatas francês François Georges-Picot e britânico Myke Sykes, em novembro de 1915.
[13] Ob. cit., p. 165.
[14] Ob. cit., p. 188.
[15] Ob. cit., p. 213.
[16] A Finlândia tem oito quebra-gelos, A Suécia sete, o Canadá seis e a Dinamarca quatro. China, Alemanha e Noruega têm apenas um.
[17] Junto ao Mar de Barents e perto da fronteira com a Finlândia.
[18] Ob. cit., p. 224.
[19] Há quem afirme que no final do século já não haverá gelo no Ártico, no verão. Há modelos de previsão climática que mostram que isso poderá ocorrer ainda mais cedo.
[20] Os russos chamam-lhe Rota Marítima do Norte.
[21] Estimativa do Levantamento Geológico dos Estados Unidos, em 2008.
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Foto retirada de:
http://www.huffingtonpost,co.uk.
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