Os Ricos

Está na moda, de novo, bater nos ricos. Belmiro de Azevedo e Américo Amorim, entre outros, são ricos. Isto é quase tudo o que sei sobre eles. Será o suficiente para os detestar? E, por outro lado, “rico” foi, é ou será sinónimo de “pulha”? Eu diria que “não” a estas duas perguntas, também por duas razões. A primeira, geral, porque pulhas existem e existirão sempre entre pobres, ricos e remediados. A segunda,  mais concreta, porque existem ricos que são nobres, bondosos e altruístas.

Não me darei ao trabalho de citar exemplos, sempre demasiado subjectivos, nesta matéria. Acrescentarei apenas que a nobreza ou vileza de carácter não se mede pelo dinheiro ou bens que se possuem. Uma boa medida para avaliação seria, talvez, a análise da forma como nos relacionamos com o próximo.

“Próximo”, como o termo indica, podem ser os nossos filho, pai, vizinho, amigo, colega ou periquito. Se amarmos o próximo, será mais provável que amemos também a sociedade, o mundo e até o universo. De facto, eu tenho as maiores dúvidas sobre aquele, seja qual for a sua condição social, que tem as mais belas ideias sobre o mundo, mas maltrata seu cão.

À parte a inveja que provoca em alguns seres completamente insuspeitos, a riqueza, em si mesma, não é má. Má, vil e inútil continuará a ser, sempre, a estupidez.

Dado que não é realisticamente possível eliminar quer a riqueza quer a estupidez, a separação entre ambas constitui, na minha perspectiva, um dos pilares de um mundo minimamente decente. A sua junção, essa sim, constituiria – constituirá sempre – o desastre completo.

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