A Ideia de Justiça

Sen
Amartya Sen

A edição original é de 2009, pela Penguin Books, Grã-Bretanha, e a edição que temos em mãos é de 2012, Companhia das Letras, Brasil.

Nesta categoria (“Livros”), a nossa ideia é mais de divulgação do que de crítica. Entretanto, eis a nossa síntese de “A Ideia de Justiça” em seis linhas-mestras.

1- A ideia de justiça deve ser sobretudo uma prática;

2- Os comportamentos são mais importantes do que instituições e regras;

3-  A uma estrutura “transcendental” devemos opor uma estrutura comparativa;

4- A uma perspetiva paroquial devemos opor uma visão universalista;

5- O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é mais importante que o PIB (Produto Interno Bruto) para o desenvolvimento de um país;

6- É muito importante trabalhar as “capacidades” – em vez de basearmos a realização do indivíduo no rendimento, devemos baseá-la na perspetiva de lhe proporcionar autonomia, para que ele tenha oportunidade e liberdade de optar por empreendimentos que o realizem enquanto ser humano e não apenas enquanto assalariado/consumidor.

Além disto (o livro é todo baseado em dicotomias, que revelam duas visões opostas sobre a justiça), os exemplos históricos mencionados por Sen são muito interessantes, sobretudo a abordagem à cultura oriental, nomeadamente a indiana, de onde Amartya Sen é oriundo. Estamos de acordo com Sen – pouco importa ter leis muito avançadas se não tivermos pessoas educadas e esclarecidas para as pôr em prática. A ação (praxis) é que importa ou, por outras (e nossas) palavras, mais vale minimizar efetivamente a injustiça, do que maximizar uma justiça que fica apenas no papel.

E daqui partima para uma crítica simples, que é, afinal, apenas um reparo. É que sobre este assunto – acho nós- é impossível ignorar um filósofo como Karl Popper. (É curioso notar que Amartya Sen refere ter sido primeiro matemático, depois físico, economista e, por último, filósofo). O tema da justiça é caríssimo, como não poderia deixar de ser, a Popper. Não interessa agora para o caso o que este autor pensa sobre o assunto, mas, pode dizer-se, está, substancialmente, em linha com a visão de Sen.

Neste livro, Sen cita cerca de 700 autores (além de 450 nos “Agradecimentos”), mas nem uma única vez Popper. No meio de tanta erudição, será Popper um filósofo desconhecido? Ou, sendo conhecido, apenas desprezado?

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Foto retirada de www.scoopwhoop.com

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A nossa edição:

“A Ideia de Justiça, Amartya Sen, Editora Companhia das Letras, 1ª edição, São Paulo, 2012.

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