Frevo

Quem passar pelo Carnaval do Recife jamais esquecerá o frevo.

O frevo nasceu há mais de cem anos, no Pernambuco, ao que parece por influência das marchas militares. O  frevo-de-rua não é vocalizado, ao contrário do frevo-canção, de ritmo mais lento, e também do frevo-de-bloco. Estes são os três tipos de frevo, assim classificados desde os anos 30 do século XX.

Quem já tenha passado o Carnaval no Recife certamente conhece o frevo, o principal ritmo que ali se ouve nessa quadra festiva, além do maracatu, a ciranda, o caboclinho, entre tantos outros.

Até 2010, mais propriamente até fevereiro de 2010, eu nunca tinha ouvido falar de frevo. Foi quando segui durante horas o bloco Escuta Levino pelas ruas do Recife, quando ouvi “Último Dia”, de Levino Ferreira, balançando o esqueleto sem parar, que fiquei adepto incondicional. Gostei tanto que repeti a dose, com outros blocos, tanto no Recife como em Olinda.

Qualquer pessoa pode criar um bloco de Carnaval. Basta juntar um grupo de músicos, inventar um nome, inscrevê-lo num estandarte e já está – quem quiser vá atrás. Há blocos para todos os gostos, como seria de esperar. O tipo de frevo que se ouve nos blocos de Carnaval é chamado frevo-de-rua e subdivide-se em frevo-coqueiro, frevo-ventania e frevo-abafo.

recife carnaval
Durante o desfile do Galo da Madrugada, no Recife.

Outra característica do frevo-de-rua é a dança. Os bailarinos, normalmente com uma sombrinha na mão, executam passes complicados, com os pés sempre em movimento,  executando coreografias que, em geral, contêm uma boa dose de improviso. Quando os executantes são de qualidade, é muito, muito bonito (ver vídeo acima).  Outros, como eu, limitam-se a agitar o corpo da forma que podem, pois uma coisa é certa: ninguém consegue ficar parado.

É por isso que a origem do nome frevo vem do verbo ferver, uma vez que a dança parece implicar a existência de uma superfície quente debaixo dos pés dos dançarinos, impedindo-os de parar.

Fiquei fã incondicional. Frevo para toda a vida.

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Alfama

Rua do Vigário, uma das maiores de Alfama.

Todos os sítios do mundo são únicos, mas, na maioria dos casos, há algumas semelhanças entre eles. Olinda, por exemplo, uma dos irmãos e irmãs de Alfama espalhados pelo mundo, no estado brasileiro do Pernambuco, está também situada numa colina, com ruas íngremes, igrejas, calçadas e edifícios típicos de Portugal. É linda, sem dúvida, mas é diferente. Não tem o emaranhado de Alfama, o traçado árabe, as pequeninas ruelas e escadinhas e becos e pátios, já para não falar dos sons e dos cheiros. Alfama tem, sim, essa característica da singularidade. Quando caminhamos pelo bairro, sentimos a presença do passado. Ali aconteceram, certamente, incontáveis histórias extraordinárias, que os prédios velhinhos (construídos com o próprio material da derrocada que o terramoto de 1755 provocou), as pedras gastas, os becos escondidos e o próprio sussurro do bairro nos convidam a imaginar.
Em Alfama ainda se sente a presença dos romanos, dos muçulmanos, dos judeus, dos cristãos. Por debaixo do chão encontram-se tesouros antigos. E por detrás de muralhas e portas encontram-se tesouros vivos – jardins, pássaros, arroios e também pessoas!
E depois temos o rio, inseparável de Alfama. Daqui, o número de ângulos possíveis sobre os Tejo e mar (da Palha) é infinito.
Em Alfama amanhece mais cedo. E a noite – e o mistério – chegam também primeiro.

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