Todos os sítios do mundo são únicos, mas, na maioria dos casos, há algumas semelhanças entre eles. Olinda, por exemplo, uma dos irmãos e irmãs de Alfama espalhados pelo mundo, no estado brasileiro do Pernambuco, está também situada numa colina, com ruas íngremes, igrejas, calçadas e edifícios típicos de Portugal. É linda, sem dúvida, mas é diferente. Não tem o emaranhado de Alfama, o traçado árabe, as pequeninas ruelas e escadinhas e becos e pátios, já para não falar dos sons e dos cheiros. Alfama tem, sim, essa característica da singularidade. Quando caminhamos pelo bairro, sentimos a presença do passado. Ali aconteceram, certamente, incontáveis histórias extraordinárias, que os prédios velhinhos (construídos com o próprio material da derrocada que o terramoto de 1755 provocou), as pedras gastas, os becos escondidos e o próprio sussurro do bairro nos convidam a imaginar.
Em Alfama ainda se sente a presença dos romanos, dos muçulmanos, dos judeus, dos cristãos. Por debaixo do chão encontram-se tesouros antigos. E por detrás de muralhas e portas encontram-se tesouros vivos – jardins, pássaros, arroios e também pessoas!
E depois temos o rio, inseparável de Alfama. Daqui, o número de ângulos possíveis sobre os Tejo e mar (da Palha) é infinito.
Em Alfama amanhece mais cedo. E a noite – e o mistério – chegam também primeiro.
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