Na edição de 28 de outubro do semanário “Expresso”, podemos ler dois curiosos depoimentos sobre Marcelo Rebelo de Sousa. No caderno principal, escreve assim o comentador político Daniel Oliveira:
Que a população não descodifique cada gesto do Presidente é natural. Cabe-nos a nós, na imprensa, retirar a capa das emoções ao seu cálculo. Foi um Paulo Portas chocado por encontrar uma alma gémea quem melhor descreveu Marcelo: “É filho de Deus e do Diabo – Deus deu-lhe a inteligência, o Diabo deu-lhe a maldade”. (…) Mesmo quando exibe os seus afetos Marcelo está a fazer política. Está a usar o ambiente de comoção nacional e o consenso que se criou à sua volta para pôr todo o sistema político, do Parlamento ao Governo, sob sua tutela. E isso é perigoso para a democracia.
Já na “Revista”, diz-nos o psiquiatra José Gameiro, num artigo intitulado “As emoções”:
As emoções revelam o que de mais profundo temos, não estou a falar da sua expressão, estou a falar de qualquer coisa muito pessoal que é a empatia e a compaixão. (…) Marcelo não é um ingénuo, longe disso, mas teve sempre ao longo da vida uma prática de solidariedade que o torna genuíno quando mostra a compaixão pelos que sofrem. E isto não tem nada a ver com conceções de sociedade, naquilo que, classicamente, divide a direita da esquerda. Tem a ver com sentimentos e emoções e só com isto… (…) A dupla personalidade é uma ficção, pura e simplesmente não existe. As pessoas são o que sempre foram e serão.
Seria difícil duas visões mais antagónicas. A primeira ideológica, reacionária (“cabe-nos a nós” e não ao povo) e conspirativa (“um perigo para a democracia”); a segunda, independente, desmistificadora, realista. E esta sumária caracterização bastará para desvendar a nossa posição relativamente a cada uma delas.
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Foto retirada de http://www.tvi24.iol.pt e editada por nós.
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