Alfama anfitriã

recetividade a visitantes estrangeiros

Muito curioso este mapa publicado pelo Washington Post [1]. Podemos verificar que são poucos os países que atingem o nível mais elevado de recetividade a visitantes estrangeiros. Em toda a América, apenas o Canadá. Na Europa, oito países tão diversos quanto o são Portugal, a Islândia, a Bélgica, a Irlanda, a Áustria, a Bósnia-Herzgovina, a Macedónia e Malta. Em África, Marrocos, Mali, Senegal e Bukkina Faso. No Médio Oriente, o Yemen e os Emiratos Árabes Unidos. Na Ásia, apenas a Tailândia e Singapura. Por fim, a Nova Zelândia, na longínqua Oceania… ao todo, 18 países.

Numa segunda linha, aparecem países como o Brasil, a Austrália, o México, a Turquia, a Finlândia e a Suécia.

A leitura deste mapa suscita-nos duas reflexões, que gostaria de partilhar aqui. Em primeiro lugar, mostra-nos que a diferença entre os dois países ibéricos, Portugal e Espanha, se reflete na diferença entre o Brasil e os restantes países da América do Sul. Há uma correlação positiva entre Portugal e Brasil, países claramente bons anfitriões, e chega a ser surpreendente, a baixa recetividade a estrangeiros de países como a Argentina, o Equador e, sobretudo, a Bolívia e a Venezuela. Isto está de acordo – ou, pelo menos, não é contraditório – com a ideia, defendida por muitos, de que a colonização portuguesa foi bastante mais tolerante do que a colonização espanhola.

Por outro lado, este mapa mostra-nos que existe uma outra riqueza no mundo que não apenas a riqueza material.  Tal como as pessoas que concluem com êxito cursos de ciência e tecnologias são, em geral, financeiramente mais ricas do que aquelas que concluem cursos de humanidades ou letras, também os países podem ser, económica e financeiramente, muito ricos, sendo, ao nível humano, relativamente pobres.   E tanto mais pobres quanto mais basearem as suas estratégias exclusivamente nas questões económicas. A riqueza humana não é transacionável nos mercados.

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Miradouro das Portas do Sol. Um dos pontos obrigatórios, com vista fantástica sobre Alfama e o Tejo, para quem visita Lisboa.

Por fim, tudo isto me leva a pensar no grande número de estrangeiros que visitam diariamente Alfama. Na maioria das ruas de Alfama vemos, hoje em dia, mais estrangeiros que portugueses. Muitos voltam. E muitos, ainda, decidem aqui viver. Alfama, com sua multiplicidade de visitantes e habitantes, é a prova provada da ancestral hospitalidade portuguesa[2].

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[1] Ver em http://www.washingtonpost.com, “40 maps that explain the world”.

[2] Vale a pena conferir em http://blog.opovo.com.br/portugalsempassaporte/portugal-foi-eleito-o-melhor-pais-do-mundo-para-se-viajar/

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