A igreja mais antiga do Brasil

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De que a primeira missa aconteceu em Santa Cruz de Cabrália, Bahia, aquando da chegada da frota de Pedro Álvares Cabral, parece não restarem dúvidas, mesmo se sabendo que os portugueses já haviam estado antes no Brasil. Porém, quanto ao local onde se situa a igreja mais antiga, a coisa não é pacífica. Um inglês que vive em Vila Velha, na Ilha de Itamaracá, no Pernambuco, e que por sinal é meu amigo, não tem qualquer dúvida, porém, em afirmar que a igreja brasileira mais antiga é a de Nossa Senhora da Conceição, situada na mesma localidade onde ele próprio habita. Eis o que Christopher Sellers escreveu sobre o assunto na sua página do Facebook (em itálico), com algumas (poucas) modificações minhas, que não alteram o conteúdo do texto original.

Geralmente apresentam-se três candidatas ao titulo “Igreja Mais Antiga do Brasil”….
– A Cosme e Damião de Igarassu, PE.
– A Nossa Senhora da Conceição de Vila Velha da Ilha de Itamaracá, PE. 
– A São Vicente de São Vicente, SP.

Eis aqui uma breve descrição da fundação dos três templos:

Cosme e Damião, Igarassu – A primeira estrutura foi levantada por Afonso Gonçalves após o domínio dos índios Caetes e provavelmente nos inícios do ano 1536. Essa construção caiu cerca de 1590 e uma segunda estrutura, mais robusta, foi levantada, em 1596.

São Vicente, SP – A primeira estrutura foi levantada por Martim Afonso de Souza, no ano 1532, e lamentavelmente foi destruída, junto com toda a pequena comunidade, por um maremoto, em 1542. O povoado foi reestruturado num local mais distante do mar, mas, por azar, também foi destruído, desta vez por piratas. A igreja atual foi construído em 1757.

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Nossa Senhora da Conceição, Vila Velha, Ilha de Itamaracá, PE – Apesar de não termos dados sobre o ano da sua fundação nem por quem, existem provas contundentes da existência da igreja, edificada e em funcionamento no ano 1526, mesmo ano em que há um registro na Torre do Tombo de uma exportação de açúcar de Itamaracá para Portugal, um forte indício de que a igreja já existia há algum tempo. (Naqueles tempos o povo era mais beato, e em vez de construir campos de futebol, a primeira coisa que construíam eram igrejas!). O navegante Sebastião Caboto chegou à Vila de Nossa Senhora da Conceição, hoje Vila Velha, em junho de 1526, e permaneceu na vila durante três meses. Junto com Caboto chegou o Padre Francisco Garcia, que declarou, sob juramento, no seu retorno a Espanha, que na vila ele “celebrava os divinos ofícios na igreja que ali havia, bem provida de paramentos e tudo o necessário para a celebração da Santa Missa”. A documentação original das declarações do Padre Garcia está em “Los Archivos de las Indias”, guardados no acervo da Universidade de Sevilha, Espanha.
É fácil verificar que a Igreja Nossa Senhora da Conceição de Vila Velha é, pelo menos, dez anos mais antiga que a Cosme e Damião de Igarassu, e nem falar de São Vicente, SP.
Não posso entender porque o Poder Público de Itamaracá não liga para o fato de que temos aqui na esquecida Vila Velha um atrativo de importância nacional que com a publicidade e promoção adequadas poderia atrair um turismo sustentável e de qualidade o ano redondo… triste!

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Buenos Aires e Terra do Fogo

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Casa Rosada, onde fica o gabinete presidencial.

Buenos Aires é uma das mais belas cidades da América do Sul, se não for a mais bela. Embora o rio da Prata não seja adequado para banhos, a cidade contém outros espaços de lazer bem interessantes, como esplanadas em museus, em cafés, em livrarias, em belíssimos jardins públicos. Os portenhos adoram conviver nos grandes parques da cidade, onde apanham banhos de sol, petiscam, conversam, praticam desporto.

A cidade é ampla, com bairros de luxo e bairros populares. Destes, o mais famoso é, sem dúvida, La Boca, onde encontramos La Bambonera, o mítico estádio do Boca Juniores, assim chamado por fazer lembrar uma caixa de bombons. Neste popular bairro podemos observar as casas revestidas com chapas coloridas, pintadas com as sobras das tintas de pintar os navios estacionados no porto.

Casas coloridas no bairro La Boca.

Foi também em La Boca que nasceu o tango. Por todo o lado se ouvem tangos e se veem bailarinos dispostos a tirar uma foto com os turistas para ganhar algum dinheiro. As semelhanças com Alfama são óbvias, até pela língua que aqui se fala, o lunfardo, como se pode ver num outro post aqui. Só que em Alfama a música é o fado e em Buenos Aires é o tango – ambos patrimónios culturais da humanidade, pela UNESCO.

Além disto, Buenos Aires é uma cidade artística e cultural. E com muita história, como se pode observar pelos inúmeros monumentos espalhados pala cidade. Além dos museus, são famosas as suas livrarias, que estão entre as mais famosas do mundo. Nelas podemos ler um livro, enquanto tomamos um café. São os casos da El Ateneo Gran Splendid, a Walrus Books, a Eterna Cadencia e a Boutique del Libro, esta última situada no elegante bairro de Palermo.

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Ushuaia e o Canal Beagle. Ao fundo, montanhas do Chile.

A Terra do Fogo é uma região belíssima, no extremo sul da Argentina, já depois do Estreito de Magalhães. Segundo consta, foram os próprios marinheiros da esquadra desse magnífico navegador português que, ao passarem o estreito, avistando nas montanhas fogueiras ateadas pelos índios, designaram aquela terra como do “fogo”.

A nossa visita a Ushuaia e região adjacente ocorreu em novembro, mês de plena primavera, pouco antes do início do verão e respetivo solstício. Os dias são muito grandes nesta época e as noites muito curtas. A temperatura suporta-se bem durante o dia, sobretudo se estiver sol.

Grande parte da cidade foi construída por presos, que ali viviam em condições sub-humanas. A maioria não resistia às rigorosas condições climatéricas, sobretudo, claro, no inverno. Na nossa visita circulámos por uma via férrea construída por eles. Existe também um museu na cidade, onde ficava a antiga prisão.

Via férrea construída por presos da Terra do Fogo.

Os vales e montanhas da Terra do Fogo proporcionam imagens deslumbrantes. De Ushuaia podem fazer-se vários tipos de passeios para visitar esses locais e também pequenos cruzeiros marítimos a pequenas ilhas do canal Beagle, que divide a Argentina do Chile, onde se podem observar focas, leões marinhos e outras espécies animais.

De Ushuaia partem também, nesta época do ano, cruzeiros para a Antártida. São, porém, cruzeiros bastante caros, sempre acima dos 10.000 dólares.

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Tarifa

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Uma placa no centro histórico informa que a “muy nobre cidade de Tarifa” foi reconquistada aos mouros em 21 de setembro de 1292, por Sancho IV, o Bravo. Apesar dessa vitória, no fim do século XIII, a marca árabe paira ainda hoje sobre a cidade. África continua dominando o horizonte, irresistivelmente, para lá do estreito a que chamaram de Gibraltar[1], em honra do berbere Tarik ben Ziyad,[2] que, em abril de 711, desembarcou junto ao rochedo, iniciando a ocupação muçulmana da Península Ibérica, derrotando, cidade após cidade[3], os visigodos, sempre que estes ofereciam alguma resistência[4].

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A presença árabe duraria mais de setecentos anos na Península[5] e, pelo menos, quinhentos anos, aqui, em Tarifa. Não admira, portanto, que se faça sentir ainda hoje e, provavelmente, sempre, já que o nome da cidade deriva do de outro berbere, enviado por Tarik para explorar o território e preparar o terreno para a invasão – Tarif ibn Malik.

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Na bela praia onde Tarif desembarcou os ventos são constantes, e há por isso quem considere Tarifa a capital mundial dos wind e kitesurf. Baleias e golfinhos podem ser avistados nas águas transparentes, onde o Atântico se junta ao Mediterrâneo[6]. Existe ampla oferta de hotéis, casas para alugar, parques de campismo e todos os visitantes têm  lugar assegurado para banhos de sol e de mar, pois a praia, além de ser muito bonita, é enorme, com quilómetros de extensão[7].

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E quem quiser sentir o que Tarik e Tarif experimentaram, embora em sentido contrário, pode sempre apanhar um ferry para Tanger ou Ceuta, e embrenhar-se em África. Tarifa orgulha-se de ser  o ponto da Europa mais próximo do continente negro. Dar o salto, para lá ou para cá, é uma tentação eterna.

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[1] Gibraltar deriva de “Gebal-Tarik” (montanha de Tarik). Todas as cidades europeias do estreito de Gibraltar têm nomes de origem árabe. Também Algeciras deriva do árabe “Al-jazeera” (a ilha).

[2] Os berberes são um povo cuja origem se mantém obscura, embora seja quase certo que são uma mistura de vários povos, incluindo de alguns judeus que se refugiaram  no Norte de África. Há quem refira a sua origem canaanita (da terra de Canaan), portanto, israelitas. O próprio Tarik acreditava ser judeu, descendente da tribo de Simeão (“Raízes dos Judeus em Portugal”, de Inácio Steinhardt, Vega, Lisboa, 2012).

[3] Em junho de 712, Mussa bin Nussair atravessou o estreito à frente de um exército de 1800 homens, desta vez quase todos árabes. Desembarcou em Algeciras e rumou a ocidente, conquistando Sevilha, Huelva, Faro (Ossónoba) e Beja. A região do sul da Península não era já a Bética dos Romanos, mas ainda a que tinha sido ocupada pelos Vândalos Silingi, que, depois de derrotados pelos Visigodos, passaram para o Norte de África. O nome da terra dos Vândalos era pronunciado, em árabe, Al Wandalus ou Andaluz. Daí deriva o nome Andaluzia.

[4]Em contraste com os visigodos, os árabes mostrar-se-iam um povo tolerante. Os habitantes da Península Ibérica, cansados dos germânicos, receberam os muçulmanos com alegria. A dinastia árabe que governava o império era a omíada, com califado em Damasco. Após lutas com os abássidas, que se reclamavam descendentes de Maomé (Abbas era tio do profeta), estes venceram e transferiram o califado para Bagdad. Porém, o omíada Abderramão I, emir de Córdova, manteve a independência e, quase 200 anos depois,  em 929, Abderramão III instaurou o califado de Córdova, que perduraria por mais de cem anos, aprofundando ainda mais a independência em relação aos abássidas. Os omíadas sempre governaram em convivência pacífica com os outros povos e com as restantes etnias árabes. Os judeus, por exemplo, viveram em paz e tiveram inclusive cargos importantes na administração, experimentando uma atmosfera de liberdade que não existia em mais nenhum lugar da Europa.

[5] A ocupação da península Ibérica pelos árabes foi sempre muito variável ao longo do tempo. Ela nunca foi absoluta – o reino das Astúrias resistiu sempre – e chegou, na parte final (a ocupação terminou em 1492), a ser diminuta – limitada ao emirato de Granada – uma pequena faixa que incluía as atuais cidades de Granada, Málaga e Almeria.

[6] Será fácil encontrar em Tarifa uma das várias empresas que fazem passeios no mar (em geral de duas horas) para observação de cetáceos.

[7] O único ponto em que os espanhóis parecem não ter aprendido nada com os árabes, nem com qualquer outro povo, é o da cozinha. O Sul de Espanha continua a ser uma zona gastronomicamente pobre. Aliás, excetuando a Galiza, come-se (geralmente) mal em Espanha.

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Madrid e Barcelona

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Madrid.

São as duas cidades espanholas mais importantes e durante muitos anos pertenceram a reinados diferentes. A rivalidade entre ambas é acentuada, em parte devido às equipas de futebol, dois colossos mundiais, O FC Barcelona e o Real Madrid.

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Barcelona.

Essa rivalidade nunca foi completamente superada, como se sabe, e existe mesmo um movimento muito forte para que a Catalunha (região a que pertence Barcelona), apesar da autonomia que detém, se torne um Estado independente.

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Madrid.

Estes movimentos nacionalistas da Catalunha baseiam-se em grandes diferenças culturais, por um lado (desde logo, a língua), e numa rejeição da superioridade política de Madrid (enquanto capital do estado espanhol), por outro.

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Barcelona.

Finalmente, Madrid e Barcelona são, de facto, bastante diferentes. A primeira no coração de Espanha, com seus importantes museus, a segunda virada para o Mediterrâneo, orgulhosa das obras de um dos expoentes máximos da arquitetura mundial – Antoni Gaudí.

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Equador, Galápagos

Mapa das Galápagos. (Retirado de: https://www.galapex.com/galapagos-holidays/).

As Galápagos1 são um arquipélago situado a cerca de 1.000 quilómetros do continente sul-americano, constituído por treze ilhas maiores, seis menores e mais de cem ilhotas e rochedos. A forma mais comum de chegar às Galápagos é de avião. Há voos diários de Quito e Guayaquil (por cerca de 400 dólares, ida e volta), quer para a ilha de Baltra, quer para a de San Cristóbal, duas das cinco ilhas povoadas, para além de Isabela, Floreana e Santa Cruz. Nesta última, no extremo sul, fica a cidade mais povoada de todo o arquipélago – Puerto Ayora2. Nós ficámos hospedados numa pousada fora da cidade, a uns sete quilómetros, numa localidade chamada Belavista, e não nos arrependemos. A pousada chama-se Twin Suite Galápagos, e são os proprietários — José e Esperanza — quem recebe e orienta os hóspedes. Este alojamento é altamente recomendável por várias razões: a área verde onde está inserido é muito agradável, com variadas árvores, plantas, flores e frutas, e uma pequena piscina, tudo muitíssimo bem cuidado; os quartos são amplos, limpos e confortáveis; a simpatia dos proprietários é inexcedível; a distância até Puerto Ayora é facilmente vencida em 10 minutos, de táxi, por um custo de três dólares (moeda oficial do Equador); e, acima de tudo, a senhora Esperanza é uma excelentíssima cozinheira.

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Tartaruga gigante na ilha de Santa Cruz. Calcula-se esta espécie esteja presente nas Galápagos há mais de 2 milhões de anos.

Em Puerto Ayora podem comprar-se passagens para várias ilhas. Todas as que são povoadas ficam a menos de duas horas, de barco, desta cidade. Assim é possível fazer o que aqui chamam de “tours diários” a essas ilhas e também à ilha de Bartolomé. Viagens maiores, como sejam circuitos que incluem várias ilhas, terão de ser realizadas em navios de cruzeiro, com comida e dormida a bordo, o que encarece substancialmente a viagem. Mas deve valer a pena. Esses circuitos, no mínimo, são de quatro noites, mas podem ser de uma semana ou mais, e o custo é na ordem, sempre, dos milhares de dólares. Como turistas pobres, nós fizemos apenas os “tours” diários, e visitámos todas as ilhas habitadas (uma por dia), com a exceção de Floreana. Isto porque cometemos um erro: ficámos um dia em Santa Cruz, visitando alguns pontos turísticos do interior da ilha, como Los Gemelos, o Pontudo ou a Reserva “El Chato”, os quais, sinceramente, não valem a pena em contrapartida a uma visita a outra ilha. Em “El Chato” podemos observar as tartarugas gigantes, mas isso também é possível, por exemplo, em Isabela, acompanhado por guia turístico e tudo. É sempre bom fazer as visitas às ilhas com guia, o que pode custar entre 85 e 120 dólares, por ilha, consoante as agências. Há um quiosque, em Puerto Ayora, entre o porto de pesca e o pontão de embarque, que vende as passagens mais baratas. Já agora, atravessando a rua, em frente ao cais, há um restaurante popular, facilmente identificável, que serve “almuerzos” (prato do dia, sopa e bebida) por 2,5 dólares3. E não se come nada mal. A gastronomia, aliás, é uma das boas surpresas das Galápagos, sobretudo a que se relaciona com peixes4 – albacora, espadarte (aqui chamam peixe-espada), palometa, um peixe vermelho de nome “brujo” e bacalhau5, entre muitos outros. Comemos uma palometa assada dentro de folhas de bananeira, cozinhada pela senhora Esperanza, que ficará para sempre memorável.

Venda de peixe em Puerto Ayora (Santa Cruz).

Em Santa Cruz, quando caminhamos na direção da Estação Charles Darwin, na rua marginal, ou seja, virando à esquerda quando estamos de frente para o mar, encontramos uma pequena lota onde se vende peixe e marisco. O ambiente ali, por si só, é um espetáculo. Lobos marinhos, pelicanos, fragatas e outras aves convivem com os humanos, esperando os sobejos do peixe. Ao fim da tarde, monta-se no local um aparato, com mesas e bancos de plástico, bancadas com fogões, frigideiras onde se fritam em óleo bananas, peixes, lagostins e lagostas, e muita gente esperando por um lugar para se sentar e comer. Vale a pena desfrutar do ambiente e do peixe ou do marisco. Ainda em Puerto Ayora, junto do mercado municipal, mais para o interior da cidade, mas bem pertinho (a cidade é minúscula) encontram-se vendedores populares, com produtos de vários tipos. Aí provámos uma agradável bebida quente, chamada Colada Morada. A sua composição inclui farinha de milho vermelho, abacaxi, morangos, amoras, canela, pimenta da jamaica, limão, laranja e açúcar mascavado. Provámos, também, isto já durante a visita à ilha Isabela (que inclui, no preço do “tour”, um almoço em restaurante local), uma sopa de peixe, que continha, para além deste, mandioca e banana6. Estava deliciosa. Os equatorianos têm o (bom) hábito de comer sopa, algo que não se vê tanto, por exemplo, no Brasil.

Ilha Isabela.

Isabela, a maior ilha das Galápagos7 tem uma história curiosa. Os americanos montaram ali uma base naval durante o período da II Guerra Mundial, com a intenção de controlarem o Pacífico. Construíram a primeira estação de dessanilização das Galápagos8 e foram eles que construíram também o aeroporto de Baltra, dando origem ao desenvolvimento de Puerto Ayora, na ilha de Santa Cruz, uma vez que Baltra é minúscula e Santa Cruz está logo ali, separada apenas pelo estreito canal Itabaca. Um pouco mais tarde, em 1946, o governo equatoriano9 decidiu desterrar para Isabela cerca de 300 presos, alguns bastante perigosos10. Em princípio andavam à solta, mas, em 1948, iniciou-se a construção de um perímetro, que nunca chegaria a ser acabado, através de um muro, com cerca de 25 metros de altura, erguido, pedra sobre pedra11, pelos prisioneiros. Muitos morreram, a maioria soterrada, debaixo das pedras desmoronadas, numa espécie de tarefa de Sísifo. À mínima desobediência ou revolta eram fuzilados. Em 1959, os sobreviventes da Colónia Penal assaltaram, pela calada da noite, um iate que estava ancorado na baía de Puerto Villamil, sequestrando os ocupantes, uma família dos Estados Unidos, e fugiram não se sabe para onde, não tendo sido mais encontrados. Assim, ao fim de 13 anos, extinguia-se a Colónia Penal da Ilha Isabela.

Ilha Santa Fé.

Decorreu muito tempo até que a riqueza natural das ilhas e o seu interesse científico fossem reconhecidos, apesar da passagem de Darwin pelo território. As Galápagos foram povoadas por pescadores, baleeiros, piratas, corsários e desterrados de todo o mundo, que aqui se fixaram temporariamente. As tartarugas (cuja carne dizem ser deliciosa) e os lobos marinhos12 serviam-lhes de alimento e isto, a par da colonização dos mamíferos, introduzidos pelos humanos, destruiu algumas espécies e quase provocou a extinção das tartarugas gigantes que dão o nome às ilhas. Formigas, ratos, burros, cães, gatos, porcos, bois, cabras, todos, cada um à sua maneira, matam, direta ou indiretamente, as tartarugas. Assim, as autoridades do Parque Nacional atuam em duas vertentes para preservá-las. Por um lado, criam as tartarugas em cativeiro até aos 10 anos13, enquanto as suas carapaças ainda não são suficientemente fortes para resistirem, por exemplo, às mordidas de um cão; por outro lado, eliminam sistematicamente todos os animais, sobretudo mamíferos, que vivam em estado selvagem, e que possam pôr em perigo a sobrevivência da espécie e várias subespécies terrestres das tartarugas gigantes. Assim,  elas podem atingir uns surpreendentes 300 anos.

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Iguana marinha na praia Tortuga Bay, em Santa Cruz.

Quando se viaja pela primeira vez para as Galápagos, inevitavelmente se cria a expectativa de encontrar muitas espécies, diferentes das que fazem parte do nosso quotidiano, já que 80% das aves e 90% dos répteis (assim como uma em cada cinco espécies marinhas) só existem neste arquipélago. Essa expectativa não é gorada, tanto no que diz respeito à flora, quanto à fauna, também. Dos animais emblemáticos das ilhas, podem observar-se facilmente tartarugas gigantes, lobos marinhos, iguanas terrestres e marinhas, pelicanos e fragatas, em convívio perfeito com os seres humanos, nas ilhas habitadas. Mais difícil é encontrar os belos atobás de patas azuis, aqui conhecidos como piqueros de patas azules14. Queríamos muito encontrar nem que fosse um único exemplar, e conseguimos, quase em desespero de causa, topar com um, numa zona rochosa da ilha de San Cristóbal. Parecia que estava à nossa espera! Observou, curioso, os nossos movimentos de aproximação e deixou-se ficar o tempo suficiente para que tirássemos dezenas de fotografias, algumas apenas a 3 metros de distância. Depois, em jeito de despedida, levantou um voo suave e circular, desaparecendo por trás dos rochedos.

Atobá na ilha de San Cristóbal. O atobá de patas azuis foi amplamente estudado por Darwin. Tal como outras espécies do arquipélago, está acostumado à presença humana.

As cores — do mar, dos animais, das plantas e das flores — parecem mais vivas nas Galápagos. Porém, o mais surpreendente de tudo são as pessoas que, aliás, convivem de forma harmoniosa com os animais. Educadas, simpáticas e generosas, agem de forma simples, ao ritmo da natureza, e, por isso, vivem mais e melhor. Para além da longevidade, a criminalidade nas Galápagos é (quase) nula, e não admira que cada vez mais pessoas procurem estas paragens. Isto constitui um problema, dado que a ocupação do território pelos humanos não pode exceder os 3%15, se se quiser que o estatuto de Património Natural da Humanidade, atribuído pela UNESCO em 1979, continue vigorando nas Galápagos. Afinal, só alguns podem viver no paraíso, embora, potencialmente, todos possamos visitá-lo.

Na pousada Twin Suites, com Telma, senhora Esperanza e a filha desta.

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Notas:

1 Embora os guias locais digam que a palavra “Galápagos” deriva de “sela”, dado que as carapaças das tartarugas se parecem com selas de cavalo e esta também se diz “galápago”, em castelhano, uma investigação mais profunda parece indicar que a origem mais provável seja celtibérica, dadas as palavras “galàpet” (em catalão) e “cágado” (em português), embora também possa derivar de “calapaccu” ou “carappaceu”, origem de “calabaza” e “carapazón”, respetivamente. Seja como for, Galápago transformou-se, sem dúvida, em sinónimo de tartaruga.

2 Cerca de 20.000 pessoas vivem em Santa Cruz.

3 O mesmo se passa na capital, Quito, onde os “almuerzos” valem, igualmente, 2,5 dólares.

4 O peixe e o marisco são, de facto, muito bons porque as águas do mar são relativamente frias, se as compararmos, por exemplo, com as do Nordeste do Brasil, apesar de, nas Galápagos, estarmos praticamente em cima da linha do equador. Isto tem que ver com a corrente fria de Humboldt (todas as correntes do Pacífico são frias). Apesar disto, a temperatura da água do mar nunca cai abaixo dos 21 graus e pode atingir os 27 no mês de março, o mais quente do ano. A temperatura média rondará, assim, os 23/24 graus. A temperatura do ar é, também, relativamente amena.

5 Na Semana Santa é típico comer nas Galápagos, e em todo o Equador, um prato feito com ervilhas, milho, feijão, queijo, ovos cozidos e outros ingredientes, que leva bacalhau cozinhado em leite – a fanesca. Ver a receita aqui: http://www.confirmado.net/receta-para-la-preparacion-de-la-fanesca/

6 A banana é omnipresente na cozinha “galapagueña”.

7 Nesta ilha habita a maior parte das tartarugas selvagens. As cabras aqui introduzidas pelos humanos chegaram ao número impressionante de 100.000. As cabras destroem a vegetação de que se alimentam as tartarugas e foram por isso exterminadas pelas autoridades do Parque Nacional e da Fundação Charles Darwin. Aqui fica o vulcão Sierra Negra, um dos mais ativos em todo o mundo. Em 1905, a população da ilha era apenas de 200 habitantes. A costa oeste é o melhor local das Galápagos para se observarem baleias e golfinhos.

8 Não existe água potável no subsolo das ilhas. A água tem de ser dessanilizada. Várias empresas fazem esse trabalho, vendendo depois a água à população. Estão a ser construídas estações com energias eólica e fotovoltaica. Nota-se uma grande preocupação com o ambiente nas ilhas.

9 Foi o presidente equatoriano, José María Velasco Ibarra, quem instituiu a Colónia Penal da Ilha Isabela. As prisões saturadas do Equador continental, a política conturbada da época e a concepção, no imaginário equatoriano, de que as Galápagos eram um lugar desterrado e de piratas, parecem ter sido as principais razões para esta decisão.

10 isto foi o que nos “vendeu” o guia local, mas a investigadora equatoriana Paola Rodas, da universidade de San Francisco de Quito, afirma que à colónia chegaram presos condenados por delitos menores, que não seriam presos perigosos.  De acordo com esta pesquisadora, a ideia da alta perigosidade constitui um mito, forjado em torno de um assunto propício ao imaginário popular.

11 Pedras vulcânicas de basalto.

12 As tartarugas serviam para produzir óleo, também. Os lobos marinhos podem estar semanas sem comer e, por isso, eram muito úteis aos marinheiros, pois estes podiam ter carne fresca durante bastante tempo, mantendo os lobos marinhos vivos nas embarcações.

13 Em algumas ilhas existem estações do Parque Nacional onde os ovos, recolhidos nos locais de nidificação, são guardados e regulados até o nascimento das tartarugas. Com uma temperatura de 28 graus nascem fêmeas e com 26 graus, machos, podendo assim controlar-se o equilíbrio da espécie. As tartaruguinhas passam por determinados estádios e processos até atingirem os tais 10 anos e serem devolvidas à Natureza.

14 O atobá de patas azuis foi amplamente estudado por Charles Darwin durante a sua viagem pelas Galápagos. A fêmea põe de um a três ovos de cada vez e esta espécie pratica a chamada “eclosão assincrónica”, isto é, os ovos que se põem primeiro são incubados antes dos ovos seguintes, resultando isto numa desigualdade de crescimento e uma disparidade no tamanho entre irmãos. A cria maior ataca e expulsa frequentemente do ninho a menor, perante a indiferença da mãe. A cor das patas do macho é importante na escolha da fêmea. O brilho da tonalidade azul diminui com a idade, pelo que as fêmeas tendem a escolher machos com patas brilhantes e coloridas, sinónimo de juventude. Elas preferem os machos jovens, dado que estes têm maiores fertilidade e capacidade para proporcionar cuidados paternais que os machos de maior idade. Assim, os machos praticam uma espécie de dança, erguendo as patas, para que as fêmeas vejam bem sua cor.

15 Os restantes 97% constituem o Parque Nacional das Galápagos, criado em 1959. Em 1986 o governo equatoriano criou também a Reserva de Recursos Marinhos das Galápagos.

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Fontes:

http://www.bbc.co.uk/mundo/noticias/2013/11/131118_ecuador_carcel_galapagos_jrg.shtml

http://www.lareserva.com/home/Alcatraz_patas_azules

http://animals.nationalgeographic.com/animals/birds/blue-footed-booby/

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As ruas mais belas do mundo

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Rua Augusta, Lisboa.

A revista de viagens espanhola Condé Naste Traveler publicou esta semana um artigo sobre “As 31 ruas a percorrer antes de morrer”[1].

Duas delas ficam em Portugal e outras tantas no Brasil. Em Portugal foi eleita a Rua Augusta, em Lisboa, e o Cais da Ribeira, no Porto.

Escreve-se, na revista, sobre a Rua Augusta: “Ampla, brilhante, obrigatória para captar toda a essência da cidade… uma delícia lisboeta”.

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Rua Gonçalo de Carvalho, Porto Alegre.

Já no Brasil, as ruas contempladas foram a Rua Gonçalo de Carvalho, em Porto Alegre, e a Rua Manoel Carneiro, uma escadaria colorida no bairro da Lapa, Rio de Janeiro.

Sobre a Rua Gonçalo de Carvalho, escreve-se o seguinte:”Está repleta até o topo de ramos e folhas da árvore Tipuana Tipu. A própria cidade iniciou uma campanha na internet considerando, com orgulho, que esta rua era a mais bonita do mundo e pedindo a sua classificação como património ambiental. A verdade é que o merece”.

O artigo contemplou ruas de dezanove países, mas apenas a Espanha (4), os EUA (4) e a Inglaterra (3) têm um número maior de ruas (incluídas nas 31 mais bonitas) que Brasil e Portugal.

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[1] Artigo completo em:

http://www.traveler.es/viajes/rankings/galerias/las-calles-mas-bonitas-del-mundo/704/mosaico/1

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Quiosque do Dodô, Tramandaí, RS, Brasil

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Aqui deixo uma dica para os porto-alegrenses que vão passar o fim de semana a Tramandaí: o Quiosque do Dodô.

Entrando em Tramandaí [1], seguem como se fossem para Imbé e, na última rua antes da ponte que cruza o rio, viram à direita. Uns 300 metros depois, verão o restaurante. Recomendo-o por três razões fundamentais.

Primeiro, a tainha grelhada, deliciosa. Depois, o ambiente – a brisa que (quase) sempre corre, o rio Tramandaí, os abius mergulhando em busca de alimento, os pescadores. Um lugar natural, sem sofisticação mas muito encanto. Por fim, a música de Jorge Pereira, o entertainer de serviço: bossa nova, bolero, pop – tudo com a suavidade que o ambiente requer, sem perturbar as aves do rio, os pescadores ou a tainha.

Recomendo vivamente. Podem dizer ao Joalmir que vão da minha parte.

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[1] A cidade do litoral mais perto de Porto Alegre.

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Fundação Iberê Camargo

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A Fundação Iberê Camargo situa-se na margem oriental do Guaíba, em Porto Alegre, num edifício projetado pelo arquiteto português Álvaro Siza Vieira, premiado com O Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza, em 2002, referência arquitetónica da capital gaúcha.

Iberê Camargo (1914-1994) foi um ilustre artista plástico rio-grandense, nascido em Restinga Seca, que produziu mais de 7000 obras, entre desenhos, guaches, gravuras e pinturas, uma grande parte das quais faz hoje parte do acervo da fundação.

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Camargo é um dos grandes nomes do panorama artístico do século XX brasileiro e, embora nunca se tenha filiado em quaisquer corrente ou movimento, exerceu forte influência no meio intelectual do seu país. Resistiu às correntes modernista e concretista, mantendo um estilo próprio,  mas sempre extremamente exigente consigo próprio. Para muitos, é o maior pintor brasileiro de todos os tempos.

Tal como Caravaggio (1571-1610) um assassínio marca a sua biografia. Matou um engenheiro, a tiro, alegadamente em legítima defesa, num dia em que saiu à rua para comprar postais de Natal.

O acervo da fundação é constituído por um núcleo documental e um núcleo com a coleção Maria Coussirat Camargo (esposa de Iberê), o qual inclui obras do pintor, acumuladas pelo casal ao longo dos anos.

Para lá das obras de Iberê, o espaço reúne também exposições temporárias. Até 4 de março de 2014 é possível visitar uma exposição denominada ZERO, a qual reúne obras de seguidores (de vários países) daquele movimento, fundado em 1958, pelos alemães Heinz Mack e Otto Piene 1.

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1 Grande parte das informações aqui divulgadas consta de folhetos disponibilizados pela própria Fundação Iberê Camargo. 

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La Boca, Alfama e o Lunfardo

la boca

La Boca é um bairro portenho [1], situado na antiga zona portuária, na margem direita do rio da Prata, onde nasceram dois grandes clubes argentinos, River Plate e Boca Juniors . Não vou alongar-me sobre a história deste típico bairro, até porque isso está disponível para consulta em muitos sítios da internet. Vou apenas mostrar as semelhanças, algumas delas muito curiosas, que o mesmo tem com Alfama.

1- Situam-se na margem (direita) de um rio.

2 – Estão na origem das cidades de que fazem parte, Buenos Aires e Lisboa.

3 – Têm em frente um mar que não é mar – mar da Prata [2] e mar da Palha.

4 – Desenvolveram-se a partir das atividades portuárias.

5 – São o coração de dois tipos de música, ambos Património Cultural Imaterial da Humanidade, assim classificados pela UNESCO – o tango e o fado.

6 – São bairros extremamente populares e a sua população é, em geral, pobre [3].

7 – Em La Boca usa-se uma interlíngua que se chama “lunfardo”, a qual se deve à passagem de marinheiros estrangeiros pelo bairro, sobretudo italianos, mas também portugueses. Muitos vocábulos dessa gíria são usados também em Alfama. Aqui ficam alguns exemplos que a maioria dos alfamenses certamente reconhecerá. “Guita” (dinheiro); “cana” (prisão); “canoas” (sapatos); “engrupir” (enganar); “fachada” (cara); “fanar” (roubar); “farra” (festa); “gagá” (debilitado mentalmente); “garfos” (dedos do carteirista); “lábia” (facilidade para dialogar); “mancar” (entender, compreender); “morfar” (comer); “palpitar” (imaginar); “tanga” (fraude, engano); “untar” (subornar); “zarpar” (ir-se rápido) [4] [5].

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[1] Relativo a Buenos Aires.

[2] O rio da Prata, dada a extensão do seu enorme estuário foi confundido com um mar. Daí terem-lhe chamado Mar da Prata. Ainda hoje há quem o chame assim.

[3] Como se pode ver pelo exemplo que mostramos na foto de La Boca (registada em 2009), muitas casas foram pintadas com cores vivas e variadas. Isto teve origem no aproveitamento dos restos das tintas usadas para pintar os navios, que os locais recolhiam para pintarem suas próprias casas.

[4] Existem até dicionários de Lunfardo, como pode ver-se pelo exemplo aqui:

http://www.elportaldeltango.com.ar/lunfardo/

[5] Já agora, fica também a referência a outro tipo de interlíngua que se fala na região – o “portunhol” (ou portanhol). Uma mistura, como a termo indica, de português com espanhol, falado sobretudo na zona da tríplice fronteira, entre Brasil, Argentina e Paraguai (ver foto no artigo deste blog sobre as Cataratas do Iguaçu) e também na zona da fronteira sul do Brasil, entre o estado do Rio Grande do Sul e o Uruguai.

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Colónia del Sacramento

colonia sacramento
A Rua da Aurora.

O rio da Prata sempre foi uma via estratégica muito cobiçada por portugueses e espanhóis, os primeiros para exportarem os produtos agrícolas do Brasil e os segundos para escoarem as riquezas mineiras peruanas. Foi na sua margem esquerda, na confluência com o rio Uruguai, praticamente em frente à atual Buenos Aires, que os portugueses edificaram, em 1680, uma praça fortificada, a que chamaram Nova Colónia do Santíssimo Sacramento. O fundador foi Manuel Lobo, governador do Rio de Janeiro, a quem o rei de Portugal incumbira tal missão.

As disputas entre portugueses e espanhóis por aquele lugar, haveriam de durar quase 100 anos. Logo após a construção da fortaleza, uma força enviada pelo governador de Buenos Aires, composta por 300 soldados espanhóis e milhares de indígenas, provocou um massacre na reduzida guarnição lusa. Porém, em 1681, a diplomacia portuguesa, com ameaças de fortes represálias, impôs ao débil rei espanhol D. Carlos II, negociações que resultaram na devolução pacífica da cidade aos portugueses. Durante 24 anos, aquela praça permaneceu sob a bandeira de Portugal. Em 1704 ascendeu ao poder, em Espanha, Felipe V, que ordenou uma ação militar para desalojar os lusitanos, ação que viria a ser executada, mais uma vez, por uma força de Buenos Aires, comandada por Baltasar García Ross. Atacados por terra, os portugueses escaparam em embarcações que acorreram em seu auxílio [1] [2].

Em 1715, na sequência do Tratado de Utrech [3], Portugal obteve o direito à posse da cidade, comprometendo-se a não a expandir para lá da distância percorrida por uma bala de canhão. Apenas em 1777, com a assinatura do Tratado de San Ildefonso, terminaram as querelas entre Espanha e Portugal, e a cidade passou definitivamente para mãos espanholas.

O bairro histórico da cidade, ou seja, precisamente o antigo burgo fundado pelos portugueses, foi declarado Património Histórico da Humanidade pela UNESCO, em 1995. A cidade está bem preservada e é notória a presença portuguesa ali. No Museu do Azulejo existe um interessantíssimo espólio e em cada canto, mesmo nas pedras das calçadas, se respira Portugal. A nossa visita foi feita a partir de Buenos Aires, do outro lado do Prata, através de um catamaran que percorre os 50 kms de distância em cerca de uma hora.

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[1]http://mas-historia.blogspot.com.br/2011/07/fundacion-de-colonia-del-sacramento.html

[2] Ver também o artigo anterior deste blog, sobre São Miguel das Missões.

[3] “O mesmo agente inglês que negociou o acordo comercial de 1703 (John Methuen) também tratou das condições que garantiriam a Portugal uma sólida posição na conferência de Utrecht. Aí conseguiu o governo lusitano que a França renunciasse a quaisquer reclamações sobre a foz do Amazonas e a quaisquer direitos de navegação nesse rio. Igualmente nessa conferência Portugal conseguiu da Espanha o reconhecimento de seus direitos sobre Colónia do Sacramento. Ambos os acordos tiveram a garantia direta da Inglaterra.” in                                     https://ilovealfama.com/2013/02/08/formacao-economica-do-brasil/

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