
Para quem visita Atenas, a atração da cidade é a Acrópole, tudo o resto é relativamente secundário. A riqueza da Grécia, se excluirmos os monumentos que nos remetem à Antiguidade Clássica, não reside em Atenas, mas sim nas ilhas, espalhadas pelo Mar Jónio e pelo Mar Mediterrâneo, inclusive ao longo da costa turca, estas atribuídas aos gregos após a Grande Guerra, através do controverso Tratado de Versalhes.
As ruas de Atenas estão enegrecidas pelos prédios descoloridos, as pedras escuras e os buracos das obras inacabadas, e esse negrume reflete-se nos rostos ensimesmados dos transeuntes. Veem-se velhos, mendigos e carteiristas pela cidade. Apenas os jovens dão alguma cor a este burgo entristecido, muitos com penteados hirtos, angulosos, coloridos, calças justas, sapatos de tacões altos.
Mesmo o turístico bairro de Plaka, no sopé da Acrópole, é demasiado artificial, feito para turista ver. A ideia que fica é a de que Atenas vive virada para o passado, à procura da glória perdida, e nisto ela própria se perde. A crise económica sente-se no ar que se respira. A emblemática praça Syntagma reflete, à sua maneira, a situação crítica de Atenas: vendedores de bugigangas; velhos de olhar perdido; gente caminhando em todas as direções.