O Santo do Povo

Igreja de Santo António, em Lisboa. Tardo-barroca, data dos finais do século XVIII, e é fruto da reconstrução a que foi sujeito o anterior templo, em consequência do terramoto de 1755. De acordo com o que se diz tradicionalmente, ergue-se sobre a antiga casa de morada do santo.

Hoje é dia de Santo António, talvez o santo mais popular do mundo inteiro. De facto, a imagem de António com o menino ao colo multiplica-se em inesgotáveis versões por todos os continentes, e essa singularidade, o facto de ser sempre representado com o menino, permite (sejam quais forem estilos, formas ou materiais usados) uma imediata identificação. Mas, apesar da universalidade de Santo António, apenas duas cidades podem reclamar-se como as cidades deste santo tão popular: Lisboa e Pádua. É por isso que se pode apelidá-lo, com igual propriedade, Santo António de Lisboa ou Santo António de Pádua, pois Lisboa é a cidade onde nasceu e Pádua a cidade onde morreu (e estão depositados seus restos mortais). Mas, talvez mais apropriado, ainda, seja citarmos o Papa Leão XIII: “António é o santo de todo o mundo”. Haverá, pois, inúmeras formas justas de apelidar Santo António e nós também temos uma, não sabemos se original: o Santo do Povo. O pequeno texto que se segue é uma tentativa de mostrar porquê.

A vida de Santo António

António teve uma vida cheia, embora curta, pois viveu apenas 36 anos. Nasceu em Lisboa no ano de 1195, filho primogénito de uma família rica, nobre e poderosa, e foi-lhe dado o nome de Fernando. Frustrando as expectativas da família, Fernando abandona o palácio onde vivia e, com 15 anos, ingressa numa ordem religiosa que ainda hoje existe — os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho — enclausurando-se no mosteiro de São Vicente de Fora. É aqui que se inicia a formação que o tornará um dos eclesiásticos mais cultos da Europa no início do século XIII. Pouco tempo depois, para se isolar de parentes e amigos que tentam dissuadi-lo, vai para o mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, igualmente da Ordem de Santo Agostinho, onde se dedica a estudar Teologia até completar os 25 anos, quando é ordenado sacerdote.

Capela de Santo António, no local onde se situava a cela do então Fernando de Bulhões, no mosteiro de São Vicente de Fora. Projetada por Carlos Mardel, foi construída em 1740.

Após ter tido conhecimento da morte de cinco franciscanos em Marrocos, Fernando considera a sua vida no mosteiro demasiado confortável e medíocre, e decide ir para o terreno como missionário, com a intenção de se tornar um mártir. Apesar das dificuldades, consegue deixar os Cónegos Regrantes e tornar-se um franciscano. Para cortar todas as pontes com o passado muda o nome para António (há quem diga que em homenagem ao eremita Santo Antão) e, após um breve tirocínio, embarca para África. No entanto, os seus intentos não se realizam, pois, mal desembarca no continente negro, fica gravemente doente com febre malária e vê-se obrigado a regressar a Portugal. Os ventos contrários, porém, empurram o navio em que viaja para a Sicília. Desanimado e doente, António desloca-se a Assis, onde se encontra com São Francisco, no Pentecostes de 1221.

O encontro com o Poverello faz renascer o ânimo de António, que é conduzido ao ermitério de Monte Paulo, no distrito de Forlí. Num desses dias vai à cidade para uma ordenação sacerdotal; o pregador oficial falta, e António é encarregado de dizer algumas palavras. É então que revela o seu superior talento de pregador. A partir desse dia é enviado a percorrer todos os caminhos de Itália e França, e em 1224, na cidade de Arles, São Francisco aparece durante um seu sermão. E tal como na vida de São Francisco acontece uma pregação às aves, também na vida de Santo António acontece uma pregação, igualmente fantasiosa e poética, aos peixes. Esta teria ocorrido em Rimini, que se encontrava, à data, nas mãos dos hereges. Quando o missionário chega à cidade é recebido com um muro de silêncio. António não encontra ninguém a quem dirigir palavra. As igrejas, as praças, as ruas estão desertas. Então, quando chega ao lugar em que o rio Marecchia desagua no Adriático começa a chamar, dizendo: “Vinde vós, ó peixes, ouvir a palavra de Deus, dado que os homens soberbos não a querem ouvir!”. E os peixes emergem às centenas, aos milhares, para ouvirem Santo António. Entretanto, a curiosidade dos hereges acaba por ser mais forte do que a ordem de silêncio recebida dos seus chefes e uma multidão aproxima-se, já rendida aos dons oratórios do franciscano; muitos, maravilhados, arrependem-se e retornam à religião católica.

A grandiosa Basílica de Santo António, em Pádua. Inspirada na Basílica de São Marcos, em Veneza, mede 115 metros de comprimento, 55 de largura, e 38,5 de altura máxima no seu interior. Combina o românico da sólida estrutura com o gótico das capelas, arcos e abóbadas. É rodeada por oito cúpulas, duas torres sineiras, duas pequenas torres – minarete e dois campanário gémeos que atingem 68 metros de altura. É iluminada por três grandes rosáceas: duas ao lado do altar-mor e a outra na fachada, entre duas janelas geminadas.

Vários milagres são atribuídos a António, e a fama de santo milagreiro espalha-se. Entretanto, promove os estudos de Teologia no seio da Ordem Franciscana, e é nomeado superior dos frades da Itália do Norte; ensina em Bolonha, Montpellier, Toulouse e Pádua; trabalha incansavelmente. Eis o que nos diz um seu contemporâneo: “Pregando, ensinando, escutando as confissões, acontecia-lhe chegar ao fim do dia sem ter tido tempo para comer”. A saúde, debilitada desde os tempos de Marrocos, deteriora-se e António, cansado pelas fadigas e pela hidropisia, pressentindo o fim, pede para se recolher em contemplação no convento de Camposampiero, no ermitério que o dono do lugar, o conde de Tiso, tinha doado aos Franciscanos, junto ao próprio castelo. Uma noite o conde, que, cansado da vida política, se havia tornado discípulo de Santo António, aproximou-se da cela do amigo e viu que da mesma se libertava uma intensa luminosidade. Pensando que fosse um incêndio abriu a porta e deparou com uma cena prodigiosa: António segurava nos braços o Menino Jesus. O Santo pediu-lhe humildemente que não contasse nada a ninguém e o conde assim fez; só depois da morte de Santo António contou o que tinha visto.

No dia 13 de Junho de 1231, uma sexta-feira, Santo António faleceu. De acordo com o seu desejo, o corpo foi transportado para a pequena igreja de Santa Maria, em Pádua. Toda a cidade acompanhou o funeral e, nessa mesma tarde, sobre o seu túmulo, começaram os milagres. A fama do Santo espalhou-se ainda mais, e peregrinos, alguns de zonas longínquas, dirigem-se a Pádua. O processo de canonização inicia-se de imediato e conclui-se rapidamente, com o reconhecimento unânime da sua santidade. Os confrades de António, ajudados pelos paduanos e pelos peregrinos iniciam então a construção de uma grande basílica onde tencionam repor dignamente os restos mortais do Santo dos milagres. Em 1263, os restos mortais de Santo António são transportados para a nova basílica. Aberto o caixão, verificam que a língua se conserva prodigiosamente incorrupta.

O túmulo de António na “Capela do Santo”. Basílica de Santo António, Pádua.

Como era Santo António

Após o reconhecimento de 1263, ocorreu um novo reconhecimento, com autorização de João Paulo II, em 1981, por ocasião dos 750 anos da morte do Santo. Os restos mortais revelaram-se perfeitamente conservados. Médicos e historiadores tiveram a oportunidade de reconstruir as características físicas de Santo António: cerca de 1,70 m de altura; estrutura frágil, pouco robusta; perfil nobre; rosto alongado e estreito; olhos encovados; mãos compridas e finas. O mais extraordinário foi este reconhecimento ter confirmado o de 1263 também no que toca ao aparelho vocal: este manteve-se intacto, com a língua incorrupta, tal como 718 anos antes. Os diferentes elementos do aparelho vocal foram então guardados em relicários. Estes, por sua vez, encontram-se na “Capela das Relíquias” ou do “Tesouro”, construída nos finais do século XVII, em estilo barroco, sob projeto do arquiteto e escultor Filippo Parodi, uma das sete belíssimas capelas da não menos belíssima Basílica de Santo António. O esqueleto de António, recomposto dentro de uma urna de cristal protegida por uma caixa de madeira de carvalho, foi colocado novamente no seu túmulo, em 1 de Março de 1981. Só no mês de Fevereiro de 2010 os fiéis puderam ver os restos mortais do Santo. Esta foi a sua última exposição.

Santo Popular

Santo António desde cedo se tornou popular. Foram e são-lhe atribuídos inúmeros milagres. E todos sabemos como os milagres mais pedidos são os da saúde e do amor… Assim, não surpreende que tenham sido atribuídos ao pobre António incontáveis milagres amorosos e que ele tenha ganhado, sem vontade própria, a fama de casamenteiro. Ora, quem pode ser mais popular que um casamenteiro? Como pudemos testemunhar, quer em Portugal, quer no Brasil, mas também em Pádua e noutras partes do mundo, as festas em honra de Santo António, no dia 13 de Junho (que começam na véspera), estão fortemente implantadas na cultura popular de vários povos. Curiosamente, algumas tradições do tempo da nossa infância no bairro de Alfama, em Lisboa, que aí caíram em desuso, por exemplo “saltar à fogueira”, continuam bem vivas no Brasil, como constatámos na Paraíba, numa viagem noturna entre Campina Grande e João Pessoa: em todas as povoações por que passámos, vimos fogueiras.

Este Santo António fez um longo percurso desde Ouro Preto, no Brasil, até o Algarve, em Portugal.

Tivemos a sorte de conhecer Campina Grande e Caruaru, as duas cidades, a primeira na Paraíba e a segunda no Pernambuco, que rivalizam para organizar as melhores festas juninas do Brasil, embora estas estejam fortemente implantadas em todo a Federação, sobretudo no Nordeste. As quadrilhas juninas organizadas por associações locais dos municípios nordestinos, proliferam por todo o lado e, claro, o ponto alto das suas atuações acontece durante as festas em honra dos santos populares. As exibições das quadrilhas arrastam muitos aficionados, à semelhança do que acontece com as marchas populares, em Lisboa, e as coreografias, que obedecem a certos cânones, são, apesar disso, muito criativas.

Os portugueses espalharam o culto de Santo António pelo mundo inteiro através das viagens marítimas e o Brasil é, muito provavelmente, o país onde esse culto está mais propagado. Uma das festas mais emblemáticas em honra de Santo António realiza-se anualmente na cidade de Oriximiná, perto de Santarém, entre o primeiro e o terceiro domingos de agosto. Trata-se de uma das maiores manifestações de fé do povo do Oeste do Pará – o Círio de Santo Antônio – cujo ponto mais alto é a procissão fluvial noturna no rio Trombetas. A romaria é acompanhada por embarcações iluminadas e decoradas, e sobre as águas flutua uma miríade de barquinhas coloridas igualmente iluminadas, fabricadas em aninga e papel de seda multicolor, confecionadas pela comunidade escolar e pelos romeiros, iluminando o rio durante o cortejo. São milhares de pontos de luz que brilham nas águas escuras como as estrelas reluzem nos céus.

A procissão de Santo António passa pelas ruas apertadas de Alfama. Na foto, o andor do arcanjo São Miguel. Pela primeira vez, depois de muitos anos, hoje, devido à Covid-19, não haverá procissão de Santo António.

A nossa ligação a Santo António existe desde que nascemos, em Alfama, num dia 12 de Junho. Todos os anos, nesse dia, os lisboetas preparam-se para a noite mais longa do ano, a maior festa popular da cidade. Desde o tempo da minha infância até agora, a Noite de Santo António foi-se modificando: já não se salta à fogueira; já não se queimam alcachofras; já não se fazem os bailaricos nos pátios e as festas particulares, mas abertas a todos, dos vizinhos de cada beco; já não se ouvem cantigas populares que provavelmente se perderam no tempo (talvez ninguém se tenha lembrado de fazer uma recolha de pelo menos algumas dessas cantigas, o que é pena); já não se oferecem sardinhas a quem passa. Hoje, infelizmente, os moradores do bairro que intervêm na festa pensam sobretudo no negócio: em fazer um “retiro”. Apesar das mudanças, a animação é garantida, com o bairro repleto de visitantes.

O mesmo se passa na Mouraria, na Graça, no Castelo, na Bica, no Alto do Pina e em muitos outros bairros de Lisboa. A meio da noite, mais ou menos, a Marcha, vinda da atuação na Avenida da Liberdade, percorre as ruas de Alfama até ao Centro Cultural Magalhães Lima. Tal como na saída, ao fim da tarde, trata-se de um momento alto para os bairristas mais fervorosos. Nessa noite é normal as pessoas deitarem-se quando já é dia – Dia de Santo António. No 13 de Junho, de manhã, sabe-se qual é a marcha vencedora; e, à tarde, vinda da Igreja que tem o seu nome, passa pelo bairro a procissão de Santo António, à qual se vão juntando andores de outras paróquias – Sé, São Miguel, Santo Estevão, São Vicente, Santa Cruz do Castelo e São Tiago – até regressar ao local de origem. Em alguns anos assistimos a tudo isto sem interrupção, fazendo uma “direta”, voltando a casa apenas na noite desse dia 13. O padroeiro oficial de Lisboa é São Vicente (o primeiro fora São Crispim), mas pouca gente sabe ou quer saber disso. O padroeiro popular, o verdadeiro, é Santo António. O Santo do Povo.

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Fontes:

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Ainda o Turismo

Alfama
O bairro histórico de Alfama.

A Associação de Turismo de Lisboa divulgou hoje um relatório do qual destacamos os seguintes dados, relativos ao ano de 2015.

– 8.437 milhões de euros gerados pelo turismo na região de Lisboa.
– 149.914 novos postos de trabalho motivados pelo turismo.
– 7,3 milhões de hóspedes (o dobro de 2005).
– Aumentos proporcionados pelo turismo em 2015, relativamente ao ano anterior (2014): + 240 milhões de euros na hotelaria; + 200 milhões de euros na restauração; + 140 milhões de euros em transportes e compras; + 100 milhões de euros em congressos.
– De acordo com pesquisa levada a cabo pela ATL, 91% da população lisboeta considera que o turismo causa um impacto positivo na cidade.

As pessoas que estão cansadas e incomodadas devido ao aumento do número de turistas em Lisboa, sobretudo nos bairros históricos, deveriam olhar com atenção para estes números. A realidade mostra que o turismo é o setor que mais contribui para que a economia não esteja, nestes tempos difíceis, muito pior. A diminuição do desemprego em Portugal deve-se, em larguíssima medida, ao aumento do turismo. O “comportamento” positivo das nossas exportações deve-se também ao turismo, que representa 15% do total. Em suma, os milhões de cidadãos que nos visitam são os grandes responsáveis pela melhoria dos dados económicos do país. As receitas do turismo em 2016 ascendem, em todo o país, aos 12.680 milhões de euros, um crescimento de 10,7% face a 2015.

Entretanto, o Porto foi considerado o melhor destino europeu para 2017. O turismo diversifica-se em Portugal, já não é apenas Lisboa e o Algarve. Os prémios recorrentes que vencemos provam a nossa vocação turística. Uma vocação que se baseia numa característica genuinamente lusa — a universalidade do nosso povo e a qualidade, tão nossa, de bem-receber.

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Feliz dia do xodó

Eita! Hoje é o aniversário do homem mais fascinante de todos os mundos!
Hoje o dono do mais doce sorriso faz anos e com ele meu coração multiplica
o júbilo! O dia é todo do meu amor! Feliz aniversário, Xodó!

Lembra do diálogo mais querido entre Miguilim e a mãe? Eu recordo com você:
“Mãe, mas por que é, então, para que é, que aconteceu tudo?!”
“Miguilim, me abraça, meu filhinho, que eu te tenho muito amor…”

Miguilim, em sua inocência cheia de sabedoria, faz a pergunta mais
importante na vida de alguém, a pergunta que a tudo interroga em busca do
sentido da existência humana. A mãe, em sua sabedoria cheia de inocência,
revela a razão de vivermos: o amor do outro, que a tudo suporta para nos
proteger.

Xodó, minha vida, não é mesmo possível explicar os caminhos pelos quais a
vida nos leva. É inviável. O homem, em sua infinita ignorância, deve
resignar-se à sua condição aqui na terra. Nada nos salva, nada nos torna
melhor que outrem, nada nos diferencia no meio da multidão. Somos todos
meros mortais. Entretanto, para que possamos suportar os percalços que o
viver nos obriga fomos agraciados com o dom do amor. O amor, sim, é o
único traço eterno. Podemos esquecer tudo, mas o verdadeiro carinho que
nos é dispensado não passa despercebido, e nunca é esquecido.

Xodó, o amor transcende a tudo, a todos. Felizmente não apenas vivo o
amor. Em você vou mais além e vivo, sim, para o NOSSO amor. O amor não é o
fim, é o meio, é uma forma de vida. É, antes de tudo, uma escolha. Você
sempre foi a minha escolha!

Adoro-te! Adoro teu espírito livre e crítico! Adoro teu corpo que, com
tanta paz e harmonia, se entrega aos meus doces desejos sem mistérios ou
pudores. Não há nada em ti que eu não acredite piamente fascinante! És
fascinante, Xodó! És fascinante! És a pessoa mais sensata, equilibrada e
pacífica que conheço. Não precisavas ter milhentas qualidades, mas você,
na beleza que somente os homens livres possuem, tem qualidades
incontáveis, não se é capaz de dar um quantitativo para tudo que conjugas
em ti. Adoro-te em tudo, Xodó. Em absolutamente tudo!

Sinto-me profundamente apaixonada por você! Sinto-me completamente tua!
Sinto (e desejo com ardor!) que você me tem sem rodeios, sem frescuras,
sem quaisquer resquícios de hipocrisia. Ah, como adoro ser tua! Você não
imagina o prazer que tenho sendo tua! Não há nada mais gratificante para
mim do que saber que somos uma só carne. Adoro que comigo você seja! Adoro
ser em você!

Meu amor, hoje não é mais um dia, é o teu dia! Aproveite bem o dia teu! É
todo, inteirinho teu! O sol hoje nasce para brilhar para ti, para aquecer
teu doce corpo e levar paz à tua nobre alma! Acorde bem! Leve consigo o
teu nobre sorriso, cheio de vida e alegria!

Você sabe o quanto eu adoraria e quão grande é minha vontade de estar
contigo hoje para te encher de carinho e paixão. Mas não esqueças, apesar
da distância, que és o mais amado dos homens! E és amado por inteiro, por
tudo o que és!

Ps: falei com um passarinho bem giro, ele ficou encarregado de acordar
você hoje, com um canto muito suave e harmonioso. Na ponta do bico ele
leva um beijo apaixonado da mulher que te ama e adora! AdorAMO-TE!

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Texto de Fla.

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Alfama vence Marchas Populares 2014

marcha d'alfama 2014

Pelo segundo ano consecutivo, Alfama vence o concurso das Marchas Populares de Lisboa, com o tema Gira o Sol sobre Alfama. Predominaram as cores amarela e verde – o que fez lembrar inevitavelmente o Brasil…

Eis a classificação da edição deste ano, a 82ª.

1.º Alfama – 246 pontos

2.º Alcântara – 238 pontos

3.º Bairro Alto – 226 pontos

4.º Alto do Pina – 218 pontos

5.º Bica – 212 pontos

6.º Madragoa – 206 pontos

7.º Carnide – 201 pontos

8.º Ajuda, Graça, Lumiar e Mouraria – 200 pontos

12.º Marvila – 199 pontos

13.º Campolide – 198 pontos

14.º Beato – 194 pontos

15.º Castelo – 192 pontos

16.º S. Vicente – 188 pontos

17.º Santa Engrácia – 185 pontos

18.º Benfica – 182 pontos

19.º Bela Flor – 166 pontos

20.º Belém – 162 pontos

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Foto retirada de: www,jn.pt (Jornal de Notícias).

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Dudamel em Alfama

Gustavo Dudamel

Hoje no Largo do Chafariz de Dentro topei com um amigo que não via há anos. Apareceu do outro lado da rua caminhando ao meu encontro. Estava diferente, o cabelo em carapinha, bem pretinho, uns bons dois palmos estendidos para o céu, mas com uma faixa prateada, a toda a volta, na base. Seu sorriso era aberto, alvo, feliz, lembrou-me o de Gustavo Dudamel; e a pele do seu rosto era rosada, brilhante, bonita – podia ver cada poro, tão perto estávamos um do outro.

Lembro-me perfeitamente de me ter sentido incomodado com o seu inesperado rejuvenescimento.

Depois, subindo por uma ruela cheia de obstáculos, que eu não sabia se tinha saída, deparei com um animal enorme, assemelhado a cão, na forma,  e a lagarto, na pele, mas do tamanho de um cavalo, embora mais magro. Quando o avistei, ele estava no topo da rua distraído com qualquer coisa, mas depois virou-se e correu na minha direção. Enorme como era, não demorou um segundo a alcançar-me. Tinha a pele cor de laranja, com manchas pretas, e uma cabeça semi-humana, uma cabeçorra que ficou a milímetros de mim, com as ventas achatadas e as orelhas curtas e espetadas, em forma de “V”. Só tive tempo de pegar num enorme pau (na verdade era mais uma tábua de soalho) e colocá-lo em riste. Meu coração batia forte. Ao ver isto, a besta bufou, deu meia volta e desapareceu numa viela.

Uff!!! Acordei atordoado, ainda com estas imagens claríssimas no meu cérebro. Se eu soubesse desenhar construiria figuras perfeitas e detalhadas quer do meu amigo, quer deste magnífico animal. Mas fiquei apenas sentado na cama, esfregando os olhos, pensando com os meus botões em como é vasto e rico o mundo dos sonhos. Todos os dias lá vamos pegar peças tão nítidas, reais e fantásticas, que fazem corar de inveja a mais pura imaginação. O curioso é que tanto os sonhos quanto a imaginação recorrem à realidade para montarem as suas narrativas. Só que enquanto a imaginação o faz construindo e reconstruindo essa realidade, os sonhos apresentam-nos um filme instantâneo, a cada momento. Mais ou menos como dividirmos 3557 por 43 utilizando um lápis ou uma máquina de calcular.

E agora fiquei com algo na cabeça – que será feito do meu amigo?

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Foto de Dudamel copiada de http://content.time.com/time/magazine/article/0,9171,1655434,00.html

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Lisboa, a cidade mais “cool” da Europa

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A jornalista Fiona Dunlop, em artigo para a CNN, considera Lisboa a cidade mais cool da Europa, elogiando a nossa capital em sete vertentes principais: vida noturna, gastronomia, ironia, praias e castelos, arquitetura, arte e arruamentos. Neste último capítulo, há uma referência a Alfama e às coloridas fachadas dos seus prédios[1].

O rescendor de Lisboa espalha-se pelo mundo.

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[1] http://edition.cnn.com/2014/01/25/travel/lisbon-coolest-city/index.html

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Marcha de Alfama vai desfilar em Macau

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A Marcha de Alfama vai participar na parada de celebração do Novo Ano chinês, em Macau, agendada para os dias 2 e 8 de fevereiro, anunciaram os serviços de turismo da Região Administrativa Especial chinesa.

O grupo português será o único ocidental a participar no evento, que contará ainda com a presença de sete grupos de animação asiáticos, provenientes, nomeadamente, da Coreia do Sul, Hong Kong, Indonésia, Japão, Malásia, Taiwan e Tibete, além de mais de 20 locais.

A população de Macau vai poder escolher, através de uma mensagem de telemóvel, o seu grupo favorito, que irá participar nas Marchas Populares de Lisboa.

A diretora dos Serviços de Turismo, Maria Helena de Senna Fernandes, disse, em conferência de imprensa, que o “evento deste ano, ‘Celebrar a Alegria e Abundância do Ano do Cavalo’ [um dos 12 signos do zodíaco chinês], será mais atraente do que o do ano passado”, dada a participação de grupos artísticos do exterior [1].

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[1] Fonte: Jornal de Notícias. A foto é de Julio Pimentel (Global Imagens).

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La Boca, Alfama e o Lunfardo

la boca

La Boca é um bairro portenho [1], situado na antiga zona portuária, na margem direita do rio da Prata, onde nasceram dois grandes clubes argentinos, River Plate e Boca Juniors . Não vou alongar-me sobre a história deste típico bairro, até porque isso está disponível para consulta em muitos sítios da internet. Vou apenas mostrar as semelhanças, algumas delas muito curiosas, que o mesmo tem com Alfama.

1- Situam-se na margem (direita) de um rio.

2 – Estão na origem das cidades de que fazem parte, Buenos Aires e Lisboa.

3 – Têm em frente um mar que não é mar – mar da Prata [2] e mar da Palha.

4 – Desenvolveram-se a partir das atividades portuárias.

5 – São o coração de dois tipos de música, ambos Património Cultural Imaterial da Humanidade, assim classificados pela UNESCO – o tango e o fado.

6 – São bairros extremamente populares e a sua população é, em geral, pobre [3].

7 – Em La Boca usa-se uma interlíngua que se chama “lunfardo”, a qual se deve à passagem de marinheiros estrangeiros pelo bairro, sobretudo italianos, mas também portugueses. Muitos vocábulos dessa gíria são usados também em Alfama. Aqui ficam alguns exemplos que a maioria dos alfamenses certamente reconhecerá. “Guita” (dinheiro); “cana” (prisão); “canoas” (sapatos); “engrupir” (enganar); “fachada” (cara); “fanar” (roubar); “farra” (festa); “gagá” (debilitado mentalmente); “garfos” (dedos do carteirista); “lábia” (facilidade para dialogar); “mancar” (entender, compreender); “morfar” (comer); “palpitar” (imaginar); “tanga” (fraude, engano); “untar” (subornar); “zarpar” (ir-se rápido) [4] [5].

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[1] Relativo a Buenos Aires.

[2] O rio da Prata, dada a extensão do seu enorme estuário foi confundido com um mar. Daí terem-lhe chamado Mar da Prata. Ainda hoje há quem o chame assim.

[3] Como se pode ver pelo exemplo que mostramos na foto de La Boca (registada em 2009), muitas casas foram pintadas com cores vivas e variadas. Isto teve origem no aproveitamento dos restos das tintas usadas para pintar os navios, que os locais recolhiam para pintarem suas próprias casas.

[4] Existem até dicionários de Lunfardo, como pode ver-se pelo exemplo aqui:

http://www.elportaldeltango.com.ar/lunfardo/

[5] Já agora, fica também a referência a outro tipo de interlíngua que se fala na região – o “portunhol” (ou portanhol). Uma mistura, como a termo indica, de português com espanhol, falado sobretudo na zona da tríplice fronteira, entre Brasil, Argentina e Paraguai (ver foto no artigo deste blog sobre as Cataratas do Iguaçu) e também na zona da fronteira sul do Brasil, entre o estado do Rio Grande do Sul e o Uruguai.

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Casa da Liberdade Mário Cesariny inaugurada em Alfama

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Foi inaugurada, hoje, em Alfama, a Casa da Liberdade Mário Cesariny (1923-2006). E que melhor local poderia ser encontrado para o efeito! Alfama enriquece-se com um espaço que recebe o nome de um vulto maior da cultura portuguesa – Cesariny, poeta, artista plástico, líder de movimentos surrealistas, em Portugal.

«A Estrada Começa» é o título da exposição inaugural, que reune obras inéditas de quatro figuras do movimento surrealista português: Cruzeiro Seixas, Isabel Meyrelles, Carlos Calvet e Mário Cesariny.

Na inauguração foi também lançada uma antologia poética organizada por Isabel Meyrelles, intitulada «Pós-Pessoa – Antologia do Surrealismo em Portugal e suas derivações».

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A Casa da Liberdade é um projeto da responsabilidade do Coletivo Multimédia Perve, associação cultural sem fins lucrativos fundada em 1997, em parceria com a Perve Global, empresa proprietária das duas Galerias Perve, em Lisboa.

Instalada num imóvel recuperado1, contíguo à Galeria Perve, a Casa da Liberdade foi criada com o objetivo de ser um espaço cultural para colher os espólios dos artistas surrealistas portugueses, apresentar exposições, vídeos, etc.

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1  Neste espaço funcionou durante muitos anos um restaurante, do qual, curiosamente, fui, nos anos 80 do século passado, proprietário –  Na altura chamava-se “O Barracão”.

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