Os Tribalistas

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Havana, Cuba. A revolução é uma religião cujo Deus é Fidel. 

Abandonámos a vida tribal há cerca de oito mil anos. Daí resultou um rápido avanço científico e tecnológico e uma enorme diversidade de sociedades e culturas. O tempo que passou desde então – os tais oito mil anos – é um piscar de olhos em termos evolutivos e o cérebro humano não estava preparado para uma mudança tão rápida e radical. A tentativa mais abrangente de adaptação aos novos tempos ocorreu com o surgimento das religiões monoteístas, as quais constituem a ponte entre a mentalidade mágica tribal e o mundo futuro, onde as religiões, tal como as conhecemos, provavelmente desaparecerão. (Algumas sociedades, sobretudo as dos países nórdicos, mostram que esta hipótese é bastante credível).

Mas a religiosidade não se revela apenas pelos credos tradicionais; há deuses terrenos que caminham lado-a-lado com seus colegas celestes. A crença em políticos-profetas e em ideologias-religiões é a prova da persistência da nossa mentalidade tribalista; e motivo pelo qual alguns povos se mantêm na cauda da nossa civilização.

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Autor: Jorge Costa

Fez percursos académicos nas áreas das Filosofia, Comunicação Social, Economia, Gestão dos Transportes Marítimos e Gestão Portuária, e estuda outras disciplinas científicas. Interessa-se igualmente por Arte, nas suas diversas manifestações, e também por viagens. Gosta de jogar xadrez. O seu autor preferido, desde que se lembra, é Karl Popper. Viveu em locais diversos, sobretudo em Portugal e no Brasil, pelo que se considera um cidadão do mundo. Atualmente vive em Cabanas, no Sotavento algarvio. Gosta de revisitar, sempre que pode, a bela cidade de Lisboa e, nela, o bairro onde nasceu, Alfama, o mais popular da capital, de traça árabe, debruçado sobre o Tejo — esse rio mítico, imortalizado por Camões e Pessoa, poetas maiores da Língua Portuguesa. Não é, porém, um bairrista, característica que deplora, a par dos clubismo, partidarismo e nacionalismo. Ama a Liberdade.