I still miss Frank Zappa (04-12-1993†)

Começámos por ouvir Zappa num gira-discos mono. O nosso amigo Nana tinha a chave do escritório em que trabalhava e nós (três ou quatro) íamos para lá, noites consecutivas, ouvir os LPs de Zappa. Quando terminava o lado A, virávamos o disco para o lado B — e ouvíamos em silêncio, com a luz desligada, sentados no chão de soalho.

Estávamos em pleno processo revolucionário, e se me dissessem, naquela altura, que meio século depois estaria a assistir a vídeos (nem sei se esta palavra existia então) dessas mesmas músicas num computador, provavelmente não acreditaria.

Zappa viveu apenas 52 anos (morreu a poucos dias de completar 53), mas produziu mais de 60 álbuns e deixou uma cave cheia de música e filmes, de onde se continua a extrair material para mais álbuns e vídeos.

Para nós, que apreciamos a música de Frank desde há mais de 50 anos, é reconfortante ver o número de músicos, bandas e orquestras que reinterpretam as suas obras, e a quantidade impressionante de biografias, documentários e material inédito saído da cave, que vão sendo publicados a cada ano que passa.

É o caso deste vídeo, lançado em 2025 por Ahmet Zappa, filho de Frank, atual administrador do Zappa Family Trust. Nele surge a melhor formação zappiana de sempre, com Ruth Underwood na percussão e George Duke nas teclas — dois músicos com formação clássica, que Zappa recrutou e que se mantiveram com ele durante o período de ouro (70-75) — para deleite dos fãs e de todos os que tenham conexão desimpedida entre ouvidos, cérebro e coração.

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Autor: Jorge Costa

Fez percursos académicos nas áreas das Filosofia, Comunicação Social, Economia, Gestão dos Transportes Marítimos e Gestão Portuária, e estuda outras disciplinas científicas. Interessa-se igualmente por Arte, nas suas diversas manifestações, e também por viagens. Gosta de jogar xadrez. O seu autor preferido, desde que se lembra, é Karl Popper. Viveu em locais diversos, sobretudo em Portugal e no Brasil, pelo que se considera um cidadão do mundo. Atualmente vive em Cabanas, no Sotavento algarvio. Gosta de revisitar, sempre que pode, a bela cidade de Lisboa e, nela, o bairro onde nasceu, Alfama, o mais popular da capital, de traça árabe, debruçado sobre o Tejo — esse rio mítico, imortalizado por Camões e Pessoa, poetas maiores da Língua Portuguesa. Não é, porém, um bairrista, característica que deplora, a par dos clubismo, partidarismo e nacionalismo. Ama a Liberdade.