Galopim

Foto retirada de: https://www.ulisboa.pt/evento/vamos-falar-de-geologia

É o pai da geologia em Portugal, uma ciência não muito popular, mas um ramo do saber abrangente, em que os estudiosos mais competentes necessitam de substanciais noções de física, química e biologia entre outras disciplinas. Galopim de Carvalho é um desses geólogos, professor jubilado, que mantém ainda hoje, aos 93 anos, a curiosidade da juventude. E é essa curiosidade e esse gosto pela aprendizagem que procurava transmitir aos seus alunos e agora transmite aos seus leitores — sejam aqueles que leem os seus livros ou os que o seguem no facebook (espaço que usa também para apresentar receitas de pratos típicos do seu Alentejo natal). A curiosidade é o motor do conhecimento, e Galopim é um eterno curioso.

O livro que melhor caracteriza a faceta didática de Galopim de Carvalho talvez seja Como Bola Colorida, cujo título foi adotado de um célebre poema do, igualmente cientista, Rómulo de Carvalho, conhecido pelo pseudónimo de António Gedeão, a quem Galopim dedica o livro. Trata-se de uma obra para um público alargado: para os curiosos, em geral, mas também para os estudantes e professores de biologia, em particular.

Inicialmente publicado em 2007 (houve uma edição posterior, em 2024), o livro contempla resumidamente todas as áreas da geologia, sendo por isso bastante abrangente. O leitor curioso não vai lembrar-se de todos os inúmeros vocábulos que identificam minerais, pedras preciosas e semi-preciosas quando terminar o livro. Mas vai ficar a conhecer quase tudo sobre a Terra: como se formou, de que partes é constituída (como um cereja), porque os continentes se movem e existem montanhas e abismos, como se formam as rochas magmáticas, sedimentares e metamórficas, de que são constituídos os solos, e muito mais.

É tudo uma questão de tempo, muito tempo. Pouco se consegue ver à escala humana, porque o tempo geológico mede-se em milhões, centenas de milhões, milhares de milhões de anos.

António Galopim de Carvalho defende que se deve atribuir uma maior importância à disciplina de Geologia no ensino básico e no secundário. Deveriam ouvi-lo. Ele é um ilustre cidadão do mundo, e o brilho do seu olhar é o mesmo do da criança que brinca dentro dele com uma bola colorida.

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A nossa edição:

A. M. Galopim de Carvalho, Como Bola Colorida, Âncora, Lisboa, 2024.

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Autor: Jorge Costa

Fez percursos académicos nas áreas das Filosofia, Comunicação Social, Economia, Gestão dos Transportes Marítimos e Gestão Portuária, e estuda outras disciplinas científicas. Interessa-se igualmente por Arte, nas suas diversas manifestações, e também por viagens. Gosta de jogar xadrez. O seu autor preferido, desde que se lembra, é Karl Popper. Viveu em locais diversos, sobretudo em Portugal e no Brasil, pelo que se considera um cidadão do mundo. Atualmente vive em Cabanas, no Sotavento algarvio. Gosta de revisitar, sempre que pode, a bela cidade de Lisboa e, nela, o bairro onde nasceu, Alfama, o mais popular da capital, de traça árabe, debruçado sobre o Tejo — esse rio mítico, imortalizado por Camões e Pessoa, poetas maiores da Língua Portuguesa. Não é, porém, um bairrista, característica que deplora, a par dos clubismo, partidarismo e nacionalismo. Ama a Liberdade.