O ocaso

Entramos naquele período da vida em que o sol já se pôs e em breve dormiremos o sono dos justos. Não um sono comum, reflexo da vida quotidiana, com seus sonhos e pesadelos, mas o sono eterno, em que sensações, sentimentos, dores e alegrias se nivelam numa linha reta, sem acidentes — na paz verdadeira e total. Calor e frio, dor e prazer, euforia e tristeza, são faces da mesma moeda e transformam as nossas vidas numa montanha russa. Quem nunca desejou parar esses desequilíbrios, esvaziar cérebro, coração e pulmões, não sentir nada e atingir a paz eterna? Não é para alcançar esse estádio vazio e, no entanto, pleno, que os seres humanos mais felizes se alheiam e isolam do mundo em busca do equilíbrio total? Não tenhamos medo, pois, e vivamos com alegria enquanto não alcançamos esse sono profundo e reparador!

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Autor: Jorge Costa

Fez percursos académicos nas áreas das Filosofia, Comunicação Social, Economia, Gestão dos Transportes Marítimos e Gestão Portuária, e estuda outras disciplinas científicas. Interessa-se igualmente por Arte, nas suas diversas manifestações, e também por viagens. Gosta de jogar xadrez. O seu autor preferido, desde que se lembra, é Karl Popper. Viveu em locais diversos, sobretudo em Portugal e no Brasil, pelo que se considera um cidadão do mundo. Atualmente vive em Cabanas, no Sotavento algarvio. Gosta de revisitar, sempre que pode, a bela cidade de Lisboa e, nela, o bairro onde nasceu, Alfama, o mais popular da capital, de traça árabe, debruçado sobre o Tejo — esse rio mítico, imortalizado por Camões e Pessoa, poetas maiores da Língua Portuguesa. Não é, porém, um bairrista, característica que deplora, a par dos clubismo, partidarismo e nacionalismo. Ama a Liberdade.