Arte em Alte

Renata e Daniel interpretando uma canção tradicional.

Alte é uma aldeia inserida no concelho de Loulé, em pleno coração do Algarve. É considerada, com justiça, uma ilustre representante das aldeias tradicionais portuguesas, com casas brancas de chaminés trabalhadas, ruas floridas, uma bela igreja matriz, e o alvo casario cravado na colina ocre e verde, dentro de uma paisagem tipicamente mediterrânica.

Alte sempre teve uma atividade cultural própria, destacando-se o artesanato local, a música e dança (com os 75 anos de atividade do Rancho Folclórico da Casa do Povo), e atividades desportivas ao ar livre, como os percursos pedestres e o ciclismo.

Por tudo isto, e muito mais, vale a pena visitar Alte. E o “muito mais” é mesmo muito: estamos a pensar, por exemplo, em dois ateliers na praça central da aldeia, frente a frente, tão bem localizados que é impossível não os encontrar. Um pertence a Daniel Vieira e o outro a Renata Pawelec. Daniel é natural de Alte, Renata é polaca, e ambos são artistas plásticos e músicos.

Renata Violetta interpretando um fado clássico.

Assim, para lá de se inteirar do trabalho plástico destes artistas, o visitante pode ter a sorte de assistir a um intimista espetáculo musical dentro do próprio atelier de Renata. Apaixonada pelo fado após uma noite passada no Clube de Fado, em Lisboa, ela passou desde aí a cantá-lo, lutando por ultrapassar o sotaque e conseguindo chegar a várias finais de concursos dedicados à arte fadista. A voz de Renata é doce, harmoniosa e intimista e ela sabe colocá-la na perfeição, tal como tivemos a sorte de constatar aquando da nossa última passagem por esta tradicional aldeia algarvia.

Além da parceria artística, uma amizade quase tangível liga Daniel e Renata. Também isto, para lá das pinturas e das músicas, nos tocou.

Voltaremos.

Jamais esqueceremos esta passagem por Alte. Nesta foto estão, da esquerda para a direita, uma polaca, dois portugueses e três brasileiros.

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Autor: Jorge Costa

Fez percursos académicos nas áreas das Filosofia, Comunicação Social, Economia, Gestão dos Transportes Marítimos e Gestão Portuária, e estuda outras disciplinas científicas. Interessa-se igualmente por Arte, nas suas diversas manifestações, e também por viagens. Gosta de jogar xadrez. O seu autor preferido, desde que se lembra, é Karl Popper. Viveu em locais diversos, sobretudo em Portugal e no Brasil, pelo que se considera um cidadão do mundo. Atualmente vive em Cabanas, no Sotavento algarvio. Gosta de revisitar, sempre que pode, a bela cidade de Lisboa e, nela, o bairro onde nasceu, Alfama, o mais popular da capital, de traça árabe, debruçado sobre o Tejo — esse rio mítico, imortalizado por Camões e Pessoa, poetas maiores da Língua Portuguesa. Não é, porém, um bairrista, característica que deplora, a par dos clubismo, partidarismo e nacionalismo. Ama a Liberdade.