Capas das edições brasileiras de dois excelentes livros de Olga Tocaczurk (Nobel em 2018). É curioso atentar às traduções. “Correntes” (Todavia) foi o título que atribuíram no Brasil a “Flights” — vencedor do Man Booker Prize — que, por sua vez, foi traduzido em Portugal por “Viagens” (Cavalo de Ferro).
Além das boas recordações (praticamente correu tudo bem) trouxemos, desta viagem ao Brasil, 102 livros. Dois deles de Olga Tokaczurk, que não conhecíamos. Embora habitualmente só incluamos ensaios na categoria “livros”, desta feita abrimos uma exceção: é que esta escritora polaca (polonesa, para os amigos brasileiros) está no nível mais alto entre romancistas, ombreando na qualidade literária com autores superlativos, como Fiódor Dostoievsky, Guimarães Rosa ou Thomas Mann, cada qual com seu estilo próprio, evidentemente. Esta afirmação ousada pode ser provocada pelo efeito surpresa, ou talvez não.
Imaginação, ousadia, rasgo, estilo, rigor e conhecimento (inclusive da “alma” humana — Tokaczurk é psicóloga): estes ingredientes fazem parte de um vasto repertório pessoal e literário.
Já vos aconteceu lembrarem-se de sonhos incríveis quando acordam, mas que depois se desvanecem e já não conseguem recordar? Pois Olga Tokarczuk aparentemente consegue. A sua escrita é uma miríade de atalhos entre o caminho do sonho (ou o pesadelo) e o da realidade. Será esta um sonho ou serão os sonhos reais? A única coisa que é possível dizer é que tudo está interligado.
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Ps. Ainda no Brasil, lemos também um excelente livro de Camila Sosa Villada, OParque das Irmãs Magníficas, que em Portugal recebeu o título As Malditas (LasMalas, em castelhano). Camila não possui todos os recursos literários de Olga, mas sobra-lhe coragem. Na escrita e na vida.
Antes da partida e da esquerda para a direita: Fernanda foi de ônibus para Belém e Luan ficou em Timon. Os cinco restantes fizeram a viagem, a que se refere este artigo, de ida e volta, de carro, entre Timon e Belém.
Esta viagem enquadra-se numa mais ampla que fizemos (eu e Fla) ao Brasil, entre 22 de setembro e 24 de outubro de 2023. Estivemos em seis estados (Piauí, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Pará e Ceará) e cinco capitais (Teresina, Recife, João Pessoa, Belém e Fortaleza). O centro desta viagem foi a casa onde vive a mãe da Fla, em Timon, no Maranhão, aonde regressámos sempre, após visitarmos outros estados e cidades, até voltarmos a Portugal. Dado que Teresina fica do outro lado do rio Parnaíba, fomos também muitas vezes à capital do Piauí enquanto estivemos em Timon. A nossa viagem de carro a Belém — e volta — aconteceu entre os dias 15 e 22 de outubro.
Desde logo, uma informação aos automobilistas que queiram fazer este trajeto: excetuando uns 50 quilómetros na zona de Zé Doca e uns 30 antes de chegar (ou depois de sair) de Belém, devido a reformas, a estrada está boa e perfeitamente transitável. O nosso pequeno Hyundai i20 (na verdade, não era nosso mas sim emprestado por Fernanda, irmã de Fla) foi e voltou cheio, com três adultos e duas crianças: os nossos sobrinhos Benjamim e Frederico, a avó deles, a filha da avó que é a minha mulher, Flávia, e eu. O objetivo da nossa ida a Belém, para lá de conhecermos a cidade, era o de nos encontrarmos com Fernanda, que vive na capital do Pará, após ter iniciado funções como auditora no Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Pará. Saímos de Timon às 10:30 da manhã e só parámos para almoçar na Churrascaria do Genival, em Alto Alegre do Maranhão, seguindo de imediato para Zé Doca, aonde chegámos por volta das cinco da tarde, para pernoitarmos. No dia seguinte, após dormirmos e tomarmos o café da manhã em casa de amigos da Fernanda, regressámos à estrada. Algumas horas depois atravessámos o rio Gurupi, que separa os estados do Maranhão e do Pará, almoçámos em Santa Maria do Pará (no restaurante Bom Gosto) e chegámos a Belém às três e meia da tarde.
Porto do Ver-o-Peso.
Em Belém ficámos instalados num excelente apartamento, na Avenida Nossa Senhora da Nazaré, a uma quadra da basílica homónima. O alojamento é suficientemente espaçoso, com dois quartos, cada qual com seu banheiro, totalmente equipado, estacionamento no subsolo e, além disso, muitíssimo bem localizado. O preço por cinco dias foi de €357,85. O primeiro dia serviu para nos instalarmos, encontrar-nos com Fernanda, irmos ao supermercado, darmos uma pequena volta de carro pela cidade, e pouco mais. No dia seguinte, de manhã, cirandámos pelo bairro de Campina: visitámos demoradamente o mercado Ver-o-Peso, fomos ao mercado Francisco Bolonha, andámos pela Praça do Relógio e terminámos o nosso passeio na Praça da República, antes do regresso ao apartamento. Depois do almoço, já com Fernanda, visitámos a Basílica de Nossa Senhora da Nazaré, passeámos um pouco e fomos lanchar ao Point do Açaí, no Blvd. Castilhos França, em Campina.
Já comêramos inúmeras vezes açaí noutras partes do Brasil, e até em Portugal, ou assim o pensáramos até então, mas só em Belém comemos pela primeira vez açaí verdadeiro — puro. Tem um sabor muito forte e amargo, difícil para quem não está habituado, o que não é o caso dos paraenses que acompanham praticamente tudo com açaí, desde pratos de peixe ou carne até sobremesas.
No Point do Açaí, em Belém.
No terceiro dia em Belém, logo de manhã, antes do calor apertar, fomos com os meninos ao Parque Urbano Belém Porto Futuro. Trata-se de um parque desportivo bem equipado, onde se pode estar em lazer ou praticando exercício físico. Benjamim (9anos) e Frederico (7 anos) divertiram-se bastante percorrendo os diversos aparelhos, correndo, escalando, pulando e baloiçando. Ainda da parte da manhã, depois de deixarmos os meninos e a avó Joana em casa, eu e Fla fomos a uma visita guiada ao Teatro da Paz. (Por pura sorte era quarta-feira e a visita foi gratuita). Construído à imagem do La Scala, em Milão, este teatro situado na Praça da República é seguramente um dos mais belos do Brasil, se não o mais belo mesmo.
Fundado em 1878, o Teatro da Paz tem uma acústica perfeita, lustres em cristal, piso de madeiras nobres, frescos nas paredes e teto, além de obras de arte de indiscutível valor, pintadas ou esculpidas, entre outros elementos decorativos. A sua escadaria de entrada é de mármore italiano e a imponente fachada foi reformada em 1905 para reproduzir fielmente o estilo neoclássico, importado de Itália. Já estivemos no Teatro alla Scala e podemos assegurar que o Teatro da Paz é, de facto, muito parecido com a mítica sala milanesa, sem deixar de ser original.
Teatro da Paz, na Praça da República, em Belém.
Felizes por termos visitado o Da Paz fomos almoçar ao restaurante Avenida, que fica muito perto do apartamento onde estávamos hospedados, na mesma avenida, quase em frente à Basílica da Nazaré, pelo que podemos deixar o carro no estacionamento do “nosso” prédio. Tinham-nos dito que no Avenida — inaugurado por um português já falecido (Fernando José de Oliveira) e continuado pelos seus filhos — se comia o melhor pato no tucupi de Belém, e fomos experimentar. Não podemos dizer que adorámos, mas comemos sem reclamar. Como já ficou dito, a cozinha paraense é forte e é preciso tempo para absorvê-la. O tucupi é um molho amarelo fermentado, extraído da raiz da mandioca brava, que acompanha vários pratos tradicionais do Pará, assim como o jambu, uma erva que lembra o agrião, mas muito mais amarga, que, claro, também entra no pato no tucupi. Sinceramente, não tivemos tempo suficiente para assimilar todo o esplendor da gastronomia paraense, mas podemos dizer que topámos-lhe o potencial.
Após o almoço fomos todos (os 6) ao bosque Rodrigues Alves, no bairro do Marco, já bem afastado do centro da cidade. Trata-se de um espaço verde zoobotânico (assim referido no local), exuberante, com espécies típicas da Amazónia, onde o ar verde nos envolve em ondas de frescura. A meio da nossa visita caiu uma carga de água diluviana e tivemos de esperar que abrandasse para podermos fugir para o carro. Apesar disto, valeu muito a pena a visita interrompida a este parque.
Benjamim no Museu das Ilusões, Belém.
No quarto dia, de manhã, decidimos regressar ao mercado Ver-o-Peso para comprarmos um peixe para o almoço. Escolhemos um tambaqui, peixe de água doce que, para nossa surpresa, não tinha o sabor a terra que muitos dos que comêramos antes apresentavam. Dona Joana temperou-o a preceito e cozinhou-o na panela, em leite de coco. Comemo-lo acompanhado por arroz branco, e estava, de facto, delicioso. Depois do almoço fomos todos ao Museu das Ilusões, um espaço inserido num centro comercial, bem perto do aeroporto internacional de Belém. As crianças divertiram-se bastante com as inúmeras ilusões — e a alegria delas fez também a nossa.
Mais para o fim da tarde ainda tivemos tempo para irmos à Estação das Docas comer um sorvete na famosa Cairu, enquanto o sol pousava no horizonte. Aqui é possível encontrar sabores pouco comuns, mas deliciosos, como bacuri, murucí, cupuaçu, araçá, além, claro, do próprio açaí. A Estação das Docas é um espaço bem recuperado, onde para lá da traça original dos antigos armazéns portuários se mantêm também os vistosos guindastes amarelos, desativados no cais. Restaurantes, lojas, esplanadas, um teatro, uma fábrica de cerveja, entre outros equipamentos, são motivos de atração para habitantes e turistas, que ali se reúnem a partir do final do dia.
Fla e Pinduca, o rei do Carimbó.
Mas esta jornada bem preenchida ainda não estava completa. À noite, eu e Fla, agora acompanhados com Fernanda, voltámos ao Teatro da Paz, desta feita para assistirmos ao primeiro dia do 30º FIDA — Festival Internacional de Dança da Amazônia. Quando chegámos pudemos constatar que a iluminação externa do teatro destaca-o da envolvente e realça ainda mais a sua beleza quando é noite. O espetáculo foi interessante, com muitos intervenientes e, no final, tivemos a sorte de encontrar Pinduca, o rei do Carimbó, com quem tivemos a oportunidade de conversar um pouco.
O quinto dia em Belém, sexta-feira, 20 de outubro, foi muito importante para mim e Fla, pois foi o dia em que conhecemos Lúcio Flávio Pinto. Combinámos encontrar-nos com ele na Banca do Alvino, em plena Praça da República, às 8:30 da manhã. Assim, logo após o café da manhã seguimos para lá. Após uma agradável troca de impressões, Lúcio concedeu-nos uma entrevista, que pode ser lida em https://ilovealfama.com/2023/10/31/lucio-flavio-pinto/.
O grande Lúcio Flávio Pinto com Fla, na Praça da República, em Belém.
Depois deste inesquecível encontro, fomos ao apartamento para levarmos connosco D. Joana e os meninos a uma visita ao Parque Zoobotânico e Museu Emílio Goeldi, não muito longe do local em que estávamos alojados, no bairro de Nazaré. Infelizmente, devido às fortes chuvadas que tinham caído, o museu estava encerrado, pelo que só tivemos oportunidade de percorrer o parque. Mais uma vez, pudemos observar espécimes representativos da Amazónia, mas não só. Uma linda onça pintada — que fora confundida com um gato e adotada por um habitante que posteriormente a entregou ao IBAMA — encantou Benja e Derico. Neste dia, o último completo em Belém, decidimos ainda provar mais alguns pratos locais, tipicamente paraenses. Em frente ao Avenida — o restaurante onde provámos o pato no tucupi — há um quiosque muito frequentado que nos disseram servir as melhores comidas típicas de Belém. Fomos lá almoçar. Provámos o Tacacá, o Cururu e o Vatapá. Os sabores destes pratos são tão diferentes em relação ao que estamos habituados que não nos surpreende o título conquistado por Belém de Cidade Criativa da Gastronomia, pela UNESCO.
À tarde Fernanda veio connosco (ela só podia juntar-se-nos depois do trabalho) a outro parque, este mesmo ao lado da Cidade Velha — Mangal das Garças. Menos densificado e mais aberto do que os anteriores, este parque tem mais relvados e lagos, bem como árvores de menor porte. Destacam-se também as aves aquáticas e diversos tipos de papagaios.
No Mangal das Garças.
No centro do parque fica o Farol de Belém, uma estrutura em ferro que podemos subir de elevador (por 5 reais) e desfrutar das melhores vistas sobre a cidade. Quando saímos do Mangal das Garças continuámos o nosso passeio pela Cidade Velha, visitando a Igreja do Carmo, a Praça D. Pedro II, a Catedral Metropolitana e o Espaço Cultural Casa das Onze Janelas. A nossa visita a Belém estava chegando ao seu termo. À noite percorremos, de carro, uma vez mais algumas das ruas de Belém, já em jeito de despedida. No dia seguinte, o sexto em Belém, saímos cedo para percorrermos de novo a BR 316, agora no sentido inverso, em direção a Timon. Ao fim e ao cabo, limitámos a nossa visita à cidade propriamente dita, não saímos de Belém, não visitámos nenhuma ilha, não fomos a Marajó nem a nenhuma praia, mas, dentro do tempo limitado, conhecemos locais e pessoas bastante interessantes da cidade. No entanto, queremos fazer nova visita para visitarmos os locais referidos e, eventualmente, outros, até porque, sem dúvida, há algo que podemos desde já dizer: O Pará é um estado fantástico, por isso, sim, voltaremos.
Uma das vistas do topo do Farol de Belém.
A saída de Belém por estrada está muito condicionada devido a obras. Os primeiros 30, 40 quilómetros são extremamente lentos, pelo que se recomenda sair o mais cedo possível. Não foi o nosso caso, e por isso apanhámos muito trânsito. Almoçámos em Santa Luzia do Pará num restaurante familiar, pequeno, mas com comida boa. Fica do lado esquerdo da estrada. Mais uma vez, pernoitamos em Zé Doca, na Pousada do Farol, aonde chegámos por volta das 4 da tarde. Este alojamento tem quartos razoavelmente confortáveis, com ar condicionado, serve café da manhã aceitável e não cobra caro: 260 reais para os cinco (um quarto de casal e um quarto para 3 pessoas). No domingo, 22 de outubro, completámos a nossa viagem a Belém, e volta, chegando a Timon por volta das 14 horas, depois do almoço em Peritoró, no Espetinho do Paraibano. Tínhamos percorrido, no total, cerca de 2.000 quilómetros de carro. Valeu!
Renata e Daniel interpretando uma canção tradicional.
Alte é uma aldeia inserida no concelho de Loulé, em pleno coração do Algarve. É considerada, com justiça, uma ilustre representante das aldeias tradicionais portuguesas, com casas brancas de chaminés trabalhadas, ruas floridas, uma bela igreja matriz, e o alvo casario cravado na colina ocre e verde, dentro de uma paisagem tipicamente mediterrânica.
Alte sempre teve uma atividade cultural própria, destacando-se o artesanato local, a música e dança (com os 75 anos de atividade do Rancho Folclórico da Casa do Povo), e atividades desportivas ao ar livre, como os percursos pedestres e o ciclismo.
Por tudo isto, e muito mais, vale a pena visitar Alte. E o “muito mais” é mesmo muito: estamos a pensar, por exemplo, em dois ateliers na praça central da aldeia, frente a frente, tão bem localizados que é impossível não os encontrar. Um pertence a Daniel Vieira e o outro a Renata Pawelec. Daniel é natural de Alte, Renata é polaca, e ambos são artistas plásticos e músicos.
Renata Violetta interpretando um fado clássico.
Assim, para lá de se inteirar do trabalho plástico destes artistas, o visitante pode ter a sorte de assistir a um intimista espetáculo musical dentro do próprio atelier de Renata. Apaixonada pelo fado após uma noite passada no Clube de Fado, em Lisboa, ela passou desde aí a cantá-lo, lutando por ultrapassar o sotaque e conseguindo chegar a várias finais de concursos dedicados à arte fadista. A voz de Renata é doce, harmoniosa e intimista e ela sabe colocá-la na perfeição, tal como tivemos a sorte de constatar aquando da nossa última passagem por esta tradicional aldeia algarvia.
Além da parceria artística, uma amizade quase tangível liga Daniel e Renata. Também isto, para lá das pinturas e das músicas, nos tocou.
Voltaremos.
Jamais esqueceremos esta passagem por Alte. Nesta foto estão, da esquerda para a direita, uma polaca, dois portugueses e três brasileiros.
Considerado o Delfim do PS, Pedro Nuno Santos tem nesta crise a oportunidade de ascender à liderança do partido.
António Costa demite-se com dignidade após saber que está a ser investigado num processo autónomo, paralelo ao que constituiu arguidos o seu chefe de gabinete, o seu “melhor amigo” e um ministro do seu governo, entre outros.
Depois de aceitar a demissão do primeiro-ministro, Marcelo Rebelo de Sousa vai ouvir os partidos, convocar o Conselho de Estado e tomar uma decisão que deverá passar pela dissolução do parlamento e a convocação — a partir daí, dentro de 60 dias — de eleições antecipadas.
A data de dissolução será importante, não se sabendo ainda se o Presidente da República aguentará o governo e o parlamento até a aprovação final do orçamento de 2024 (marcada para 29 de novembro) ou não o fará, e o país será gerido por duodécimos.
Seja como for, um novo ciclo político se abre. Tendo em conta que o Partido Socialista, que ainda detém a maioria absoluta dos deputados no parlamento, não poderá contar com António Costa para as novas eleições, a questão é: quem lhe sucederá como líder do PS?
Entre os mais bem posicionados está Pedro Nuno Santos. Considerado por muitos um político brilhante, parece quase certo que irá avançar. A nossa posição relativamente a Nuno Santos é conhecida (https://ilovealfama.com/2023/07/09/a-prova-do-bilhete/) e uma coisa é certa: não votaremos no PS se, e enquanto, ele for líder desse partido. Em contrapartida, veríamos com bons olhos as candidaturas de António José Seguro, Álvaro Beleza, Francisco Assis, Mariana Vieira da Silva ou José Luís Carneiro.
Entretanto, a direita democrática, que procurará afirmar-se nas próximas eleições, após 8 anos afastada do poder, tem um enorme elefante na sala chamado Chega, partido de extrema-direita que se destaca, desde já, como o maior beneficiário líquido desta crise política.