O Imposto Sucessório

www.dn.pt
Costa e Centeno. Dar com uma mão e tirar com a outra. A fatura não demorará a chegar.

Temos muitas dúvidas sobre o atual Governo português. Desde o início que o dissemos: não nos agrada um Executivo refém de dois partidos de inspiração marxista que, em qualquer momento, poderão retirar-lhe o tapete. As engenharias (talvez fosse mais correto chamar-lhes “tropelias”) tributárias já começaram, com a intervenção sobre os preços dos combustíveis, atitude que deu maus resultados no passado, e irá dar, de novo, no futuro. E, para compensar as medidas (ou a falta delas) que agravam o défice, já se fala num recurso ao Imposto Sucessório, abolido em quase todos os países civilizados.

Como “não há fumo sem fogo”, não nos admiraria que tal viesse, de facto, a ocorrer, até porque parece óbvio que, mais uma vez, face à incapacidade de controlar a despesa, o Governo terá de aumentar a receita à custa dos impostos. Se o Imposto Sucessório renascer por mão deste Governo, o remanescente de credibilidade, que ainda possa ter, cairá por terra (pelo menos para nós), uma vez que o Imposto Sucessório é o imposto mais injusto que existe, por duas ordens de razões.

1- É uma dupla tributação. As pessoas já pagaram os seus impostos em vida sobre esses bens – e não tão pouco quanto isso. E embora o património passe para outras mãos (no caso, de herdeiros legítimos e diretos), não há razão para tributar duas vezes o mesmo bem.

2- Nem todo o património adquirido é fruto da especulação. Há muita gente que levou uma vida inteira de trabalho e sacrifício para amealhar algum dinheiro, ou adquirir qualquer outro bem, móvel ou imóvel. Não somos contra a tributação pesada sobre o dinheiro lucrado com a especulação, nem contra a que incide sobre as mais valias conseguidas através da alienação de património – que aliás já é bastante pesada. Mas insurgimo-nos contra um imposto que apenas visa conseguir, a qualquer custo, financiar um Governo inepto, seja ele qual for. Tal não passa de um roubo, ainda que seja um roubo legal.

******************************

Foto retirada de http://www.dn.pt.

******************************

Desconhecida's avatar

Autor: Jorge Costa

Fez percursos académicos nas áreas das Filosofia, Comunicação Social, Economia, Gestão dos Transportes Marítimos e Gestão Portuária, e estuda outras disciplinas científicas. Interessa-se igualmente por Arte, nas suas diversas manifestações, e também por viagens. Gosta de jogar xadrez. O seu autor preferido, desde que se lembra, é Karl Popper. Viveu em locais diversos, sobretudo em Portugal e no Brasil, pelo que se considera um cidadão do mundo. Atualmente vive em Cabanas, no Sotavento algarvio. Gosta de revisitar, sempre que pode, a bela cidade de Lisboa e, nela, o bairro onde nasceu, Alfama, o mais popular da capital, de traça árabe, debruçado sobre o Tejo — esse rio mítico, imortalizado por Camões e Pessoa, poetas maiores da Língua Portuguesa. Não é, porém, um bairrista, característica que deplora, a par dos clubismo, partidarismo e nacionalismo. Ama a Liberdade.