Um encontro memorável

Kissin é um dos meus pianistas preferidos. Tive a sorte de o ver atuar há tempos na Gulbenkian, num recital memorável, quando ele deveria andar pelos seus 30 anos. Ainda hoje, com 41, Evgeny Kissin, moscovita de origem judaica, mantém a sua expressão de adolescente.

O episódio que quero relatar passou-se em 1988 e trata de um daqueles encontros felizes e raros que acontecem uma vez na vida. Neste caso, na vida de duas pessoas — Evgeny Kissin e Herbert Von Karajan. Se a elas juntarmos, através do seu famoso e arrebatador concerto nº1 para piano e orquestra,  Tchaikovsky, teremos o encontro de três génios. Kissin com 17 anos, Karajan no fim da vida (um anos antes) e Tchaikovsky, presente com sua música.

Para nosso deleite, esse episódio foi gravado, e aqui fica o registo do 1º andamento, sendo que podem encontrar, na mesma fonte, todo o concerto e ainda uma reportagem sobre este encontro feliz. Nessa reportagem, Kissin recorda o momento em que, após o concerto, quando sua mãe se aproximou, Karajan afirmou, apontando para ele:

Genius.

Poderíamos ainda alargar esta onda de felicidade  à excecional Filarmónica de Berlim. Como se sabe, esta orquestra foi talhada durante 35 anos pela batuta implacável de Herbert Von Karajan. Depois, seguiram-se Claudio Abbado e o diretor atual, Sir Simon Rattle (eleito pelos membros da própria orquestra), maestros que tive o prazer de ver atuar ao vivo.

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Autor: Jorge Costa

Fez percursos académicos nas áreas das Filosofia, Comunicação Social, Economia, Gestão dos Transportes Marítimos e Gestão Portuária, e estuda outras disciplinas científicas. Interessa-se igualmente por Arte, nas suas diversas manifestações, e também por viagens. Gosta de jogar xadrez. O seu autor preferido, desde que se lembra, é Karl Popper. Viveu em locais diversos, sobretudo em Portugal e no Brasil, pelo que se considera um cidadão do mundo. Atualmente vive em Cabanas, no Sotavento algarvio. Gosta de revisitar, sempre que pode, a bela cidade de Lisboa e, nela, o bairro onde nasceu, Alfama, o mais popular da capital, de traça árabe, debruçado sobre o Tejo — esse rio mítico, imortalizado por Camões e Pessoa, poetas maiores da Língua Portuguesa. Não é, porém, um bairrista, característica que deplora, a par dos clubismo, partidarismo e nacionalismo. Ama a Liberdade.